O relatório de monitorização da situação epidemiológica da covid-19, divulgado esta sexta-feira, mostra que os casos positivos estão a aumentar nas faixas etárias a partir dos 60 anos. A mortalidade por covid-19 está nos 25,3 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, ou seja, acima do limiar definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).
Corpo do artigo
Apesar dos mais jovens terem a incidência cumulativa mais elevada entre todas as faixas etárias, nomeadamente a dos 10 aos 19 anos (975 casos a sete dias por 100 mil habitantes), o ritmo de contágio está a diminuir. O mesmo não acontece a partir dos 60 anos, aponta o relatório do Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA) e da Direção-Geral da Saúde (DGS), cujas infeções apresentam uma "tendência crescente". Destaca-se as pessoas entre os 70 e os 79 anos que registam o maior aumento da incidência cumulativa, mais 20% relativamente à semana anterior.
O facto dos casos positivos estarem a aumentar nos mais velhos pode significar o adiamento do fim total das restrições em Portugal, já que terá reflexos na mortalidade específica por covid-19. "Tendo em conta o aumento da incidência em grupos mais vulneráveis, é provável uma inversão da tendência decrescente da mortalidade por covid-19 nos próximos dias", lê-se no relatório.
Neste momento, o INSA e a DGS apontam que, a 21 de março, a mortalidade específica por covid-19 era de 25,3 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes. Ou seja, longe do limiar apontado pelo ECDC, de 20 óbitos a 14 dias por um milhão de habitantes. O critério para Portugal acabar com todas as restrições, como o uso de máscara em espaços interiores, está dependente de se alcançar ou não o patamar do Centro Europeu de Controlo de Doenças.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, chegou a apontar a data de 3 de abril para o fim de todas as restrições. No entanto, esta semana, o Conselho de Ministros prolongou a situação de alerta até 18 de abril, mantendo todas as regras em vigor.
Ainda assim, a mortalidade por covid-19 entre todas as causas de morte em Portugal encontra-se dentro do valor esperado para a época do ano, escrevem os especialistas. Nos hospitais, o número de pessoas internadas nas unidades de cuidados intensivos (UCI) está numa "tendência estável": corresponde a 25% (64 doentes) do valor crítico definido de 255 camas ocupadas. O grupo etário com mais doentes em UCI é o dos 60 aos 79 anos.
O índice de transmissibilidade (Rt) está abaixo de 1 (0,97) em todo o território nacional e regista uma "tendência decrescente". A incidência cumulativa a sete dias situa-se nos 731 casos. Uma "tendência estável", revela o relatório, com exceção da Madeira que está a crescer no ritmo de contágio (1 951 casos nos últimos sete dias por 100 mil habitantes).