Os autarcas da região Norte reuniram-se esta terça-feira para tomar uma posição conjunta contra o plano de retoma de voos da TAP. Rui Moreira diz que o Governo tem de se decidir e que se a quiser ajudar como "uma companhia de caráter regional" a pode incorporar na Carris.
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"A TAP está a tentar impor um confinamento ao Porto e ao Norte. Nunca perdeu o vínculo de ser uma empresa de caráter colonial e a sua estrutura nunca pensou de outra maneira", acusou o presidente da Câmara do Porto.
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O autarca lembrou o acréscimo do interesse de companhias como a United Airlines, que viaja para os EUA, nos últimos quatro anos e disse que o "mercado tomou conta do aeroporto", quando antes a TAP tinha alegado escassez de passageiros. Acusou a companhia de ter voltado ao Aeroporto Sá Carneiro não por estratégia mas "por oportunismo" quando viu a procura de passageiros crescer.
Numa conferência de imprensa com os vários autarcas da região diz que a TAP é apenas uma empresa pública quando "quer que os portugueses paguem os seus vícios".
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"Se querem dar uma ajuda para uma companhia apenas de caráter regional façam um favor e incorporem a TAP na Carris e façam o que quiserem, não façam é de nós tontos. Não façam, por favor, de nós loucos", pediu o autarca do Porto.
O presidente da Câmara da Maia, Silva Tiago, acusou a TAP de ser "um problema para o erário público" e que todos são chamados a contribuir para a sua salvação face a uma provável situação de falência, no entanto, deixou um aviso.
"Se a TAP reduzir a sua operação no Aeroporto Francisco Sá Carneiro às parcas três linhas anunciadas, então, perde o epíteto de desígnio estratégico para a economia nacional, logo, deve ser excluída de qualquer plano de resgate à custa dos impostos de todo o país posto que não servirá a coesão", defendeu o autarca maiato.
Na mesma conferência de imprensa, o líder de Vila Real diz que o município não aceita que a TAP "se dê ao desplante de ignorar uma parte tão significativa do país". Rui Santos acusa o Conselho de Administração da empresa de ser "estrategicamente inconsequente" e insta o Governo a "não ceder um milímetro nos melhores interesses da região Norte e da Península Ibérica".
"Fiquei chocado com aquilo que tivemos conhecimento, porque se perde o sentido da unidade nacional, da competitividade e da nossa capacidade de podermos estar ligados ao mundo", considerou José Maria Costa, presidente da Câmara de Viana do Castelo, que também participou na conferência conjunta.
A transportadora prevê a realização de apenas três voos regulares a partir do Aeroporto do Porto, números que no entender do Turismo do Porto e Norte de Portugal não se conseguem explicar através do mercado.
"É mentira que não há mercado. Bastava algum equilíbrio", analisou o presidente da entidade, Luís Pedro Martins, ao fazer a comparação com o número de voos de outras companhias aéreas para capitais europeias como Paris ou Roma, a partir da Invicta.
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"É lamentável que a TAP confunda Portugal com Lisboa. A TAP é um ativo estratégico nacional, mas tem de olhar o País como um todo. É preciso lembrar aos senhores administradores da TAP, e à sua tutela governamental, que o eixo Braga - Porto - Aveiro é o motor da economia portuguesa", disse, esta terça-feira, ao JN, Emídio Sousa, vice-presidente do Conselho Metropolitano do Porto e presidente da câmara de Santa Maria da Feira.
Além disso, a Área Metropolitana do Porto tem um maior volume de bens transacionáveis que Lisboa. Esta visão curta da TAP vai levar a nossa companhia aérea nacional à decadência", salientou ainda o autarca.
Já o presidente da Câmara de Valongo acusa a TAP de encarar o Aeroporto do Porto como um apeadeiro, optando por uma estratégia "inadmissível" que contribui para "o aprofundamento das assimetrias regionais".
Para José Manuel Ribeiro, a decisão da companhia de bandeira nacional tem de ser revista e para isso apela à intervenção do Governo para colocar um "travão nesta gestão que está a prejudicar o desenvolvimento equilibrado do País". O autarca fala numa "tremenda injustiça" sobretudo na conjuntura atual, que penaliza a retoma de setores essenciais para a região, como o turismo.
O presidente da Câmara de Gondomar criticou também o plano de retoma de voos anunciado pela TAP, acusando a empresa de "discriminar" o Norte, fazendo um "insulto" à região que "mais contribui para a economia do país".
"A confirmarem-se estas informações, isto é um insulto à região Norte, um insulto à região que tem o tecido empresarial que tem, a que mais exporta e contribui para o desenvolvimento do país e a que tem vindo a atrair mais e novo turismo", disse Marco Martins.
Em declarações à agência Lusa, o autarca socialista de Gondomar aproveitou para fazer um "apelo" ao executivo de António Costa: "O Governo tem de continuar a dar os sinais que tem dado e tem de pôr ordem na empresa. A atual administração da TAP está a ceder a interesses económicos e a suportar os outros negócios que os acionistas têm na região da Lisboa".