A Ascendi e a Infraestruturas de Portugal têm pago indemnizações de milhares de euros por causa de sinistros rodoviários que envolvem em animais. Para o condutor ser compensado financeiramente, tem de ficar provado que o acidente resultou de um embate com um animal.
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Os condutores podem exigir uma compensação financeira às concessionárias das vias rodoviárias pelos danos causados por acidentes que envolveram animais, desde que as causas dos sinistros sejam confirmadas pelas autoridades. A Infraestruturas de Portugal (IP) deferiu 20 reclamações em 2024, nas quais foram pagos, no total, 80 mil euros de indemnização. Já a Ascendi revela ter “um valor médio por indemnização que ronda os 2300 euros”. As soluções para impedir o atravessamento de animais nem sempre são bem-sucedidas.
As concessionárias da rede rodoviária nacional contactadas pelo JN afirmaram ter investido nos últimos anos em infraestruturas para mitigar e prevenir os atropelamentos de animais. Há ferramentas instaladas para as mais variadas espécies, como aves noturnas ou veados. A Norscut, responsável pela A24 que liga Trás-os-Montes à Beira Interior, tem “passagens de fauna dedicadas”, nomeadamente o ecoduto na zona da Serra da Falperra, em Vila Pouca de Aguiar, para os lobos ibéricos.
Saltam vedações
Fonte da Ascendi disse ao JN que a empresa transferiu ninhos de cegonha, “que se encontravam nas imediações da autoestrada na zona de Angeja (Aveiro), para uma estrutura segura dentro da zona de proteção especial da ria de Aveiro”. A concessionária de várias autoestradas no Norte, Centro e na Área Metropolitana de Lisboa instalou “vedações de 2,40 metros para impedir a entrada de animais” na A13, próximo do Parque Biológico da Serra da Lousã, o habitat de corços e veados.
Apesar das soluções para mitigar a sinistralidade rodoviária que envolve animais, algumas espécies conseguem, ainda assim, atravessar as vias rodoviárias. Fonte da Auto-Estradas do Atlântico, concessionária da A8, entre Lisboa e Leiria, e da A15, entre Santarém e Caldas da Rainha, diz haver “animais que conseguem transpor a vedação por salto, por escavação passando por baixo e ainda danificando a vedação, no caso de animais de maior porte”. A Ascendi, por exemplo, tem cerca de 75 processos por ano de pedidos de indemnização dos condutores.
A IP registou no ano passado 1674 atropelamentos de animais nas vias sob a sua gestão. Cerca de 33% foram de animais domésticos, sobretudo gatos. Os números mostram que a maioria dos sinistros envolveu animais silvestres, como gaivotas, raposas e javalis.