Inês batizou-se aos 43 anos: "Olho para trás e acho que queria fazer parte de alguma coisa"

Inês Ramos nasceu na Amadora e, ao contrário da irmã mais velha, não foi batizada em bebé
Foto: Carlos Carneiro
Foi na paróquia de Ermesinde que Inês Ramos concretizou o sonho de uma vida. Batizada aos 43 anos, não parou mais: já foi crismada, casou e batizou o filho mais novo. Os pedidos de adultos não são novos naquela igreja, que é uma das paróquias com mais sacramentos da diocese do Porto. São mais de 150 todos os anos.
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Inês Ramos nasceu na Amadora e, ao contrário da irmã mais velha, não foi batizada. Os pais decidiram que a escolha deveria ser tomada mais tarde pela filha. "Não era como outros miúdos da minha idade, eu fugia para ir à catequese. Eu queria participar. Hoje olho para trás e acho que queria fazer parte de alguma coisa", conta a recém-batizada. O caminho abriu-se quando se mudou para Ermesinde e bateu à porta da paróquia. Durante um ano fez a preparação para o ritual de início da vida cristã com mais seis pessoas e viu o desejo concretizar-se na vigília pascal do ano passado. Os padrinhos foram os dois filhos mais velhos, de 24 e 22 anos, também batizados.
O padre Domingos Areais, que por ano celebra mais de 150 batizados, é perentório ao dizer que na comunidade onde está há dois anos “não há muros” para todos os que manifestam essa intenção. Os pedidos chegam de forma espontânea, mas também existem pessoas que querem casar e não são batizadas, e até pessoas de outras religiões que se querem converter ao cristianismo. Acabam todos por integrar os grupos de preparação, dirigidos pelo diácono Arnaldo Azevedo.
As cerimónias de crianças e adultos são iguais. "O centro do batismo é derramar água, o modo de chegar lá é que é diferente. A partir dos seis anos, o desejo já é da criança com ajuda dos pais e nos adultos, são eles próprios que pedem no primeiro domingo da Quaresma", explica o pároco.
Grupo de leituras
Para Inês Ramos, o dia do batizado foi o culminar do que ambicionava como cristã, como pessoa e mãe. Agora, refere que entende a decisão dos pais e o caminho que fez ao longo da vida permitiu-lhe ter uma visão muito própria da sua fé. "Para mim, ser católica também é muito do que faço fora da igreja. Passa por estar lá para o outro, tirar de mim para dar ao próximo".
E continua a fazer o caminho da fé todos os dias. A integração no grupo de leituras na missa é o próximo passo e o filho mais novo vai frequentar a catequese.

