A porta-voz do PAN afirmou, esta quarta-feira, que a decisão de André Ventura de não afastar a deputada Cristina Rodrigues revela a “hipocrisia do Chega" e defendeu que o partido “deve um pedido de desculpa aos portugueses”.
Corpo do artigo
Em declarações aos jornalistas após uma ação de campanha na associação Sociedade Protetora dos Animais, em Lisboa, Inês Sousa Real considerou que a deputada e candidata Cristina Rodrigues está acusada de crimes cometidos dentro do parlamento, acrescentando que isso deveria ser “suficientemente grave” para o líder do Chega “cumprir aquilo que diz e exige às outras bancadas”.
“Só vem revelar, mais uma vez, a hipocrisia do Chega, e que o Chega deve um pedido de desculpa aos portugueses, porque captura a sua indignação e captura a sua insatisfação em relação aos problemas do país, mas depois não só tem dentro da sua bancada pessoas com problemas ao nível da justiça, como também e até com crimes bastante mais graves”, acrescentou.
A porta-voz do PAN reagia ao início do julgamento de Chega Cristina Rodrigues no processo em que é acusada pelo “apagão informático” no PAN em 2020, quando foram apagados e-mails de dirigentes do partido do qual chegou a ser deputada. Estava previsto para esta quarta-feira, mas foi adiado para depois das legislativas.
Sousa Real acusou ainda André Ventura de difundir uma mentira ao sugerir que houve um “intuito persecutório contra Cristina Rodrigues”, explicando que a queixa apresentada pelo seu partido foi contra desconhecidos, depois de “um apagão feito nas contas de e-mail do PAN”.
A líder do PAN disse confiar na Justiça, sublinhando as provas recolhidas no parlamento pelo Ministério Público e a Polícia Judiciária, e acrescentou que “cada voto no Chega é estar a pagar um partido que quer ser do sistema, quer estar dentro do sistema e usar todos os benefícios do mesmo”.
No despacho de acusação, de 2022, o Ministério Público (MP) classificou como "muito elevada" a "ilicitude da conduta" de Cristina Rodrigues, embora considere não lhe dever ser aplicada pena superior a cinco anos, atendendo a que não tem antecedentes criminais.
Cristina Rodrigues, que agora é deputada do Chega na Assembleia da República e que se recandidata pelo partido nas listas do Porto, é acusada de um "crime de dano relativo a programas ou outros dados informático", em coautoria com a ex-funcionária do PAN Sara Fernandes, e de um "crime de acesso ilegítimo" aos ficheiros informáticos do partido.
Na terça-feira, o presidente do Chega afirmou que a inclusão de Cristina Rodrigues na lista de candidatos a deputados foi uma “decisão ponderada” e procurou distanciar o processo em que é acusada de casos que envolvem protagonistas do PSD.