Inspeção Geral e regulador da Saúde anunciam cooperação para averiguar morte no hospital de Loures
A Inspeção Geral das Atividades de Saúde (IGAS) e a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) decidiram cooperar para “obter todos os esclarecimentos necessários” para esclarecer as circunstâncias em que morreu um idoso, que esperou quase seis horas para ser transferido no hospital de Loures, na segunda-feira.
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“Considerando que a IGAS decidiu abrir um processo de esclarecimento, para avaliar a necessidade de desenvolver outro tipo de ação inspetiva”, e que a Entidade Reguladora da Saúde “também se encontra a averiguar a situação, através de um processo de avaliação”, as duas entidade “decidiram cooperar” para obter "todos os esclarecimentos necessários complementares" ao apuramento das circunstâncias em que morreu um homem de 93 anos, segunda-feira, no hospital Beatriz Ângelo, em Lisboa.
Em comunicado, a IGAS disse, esta terça-feira, que teve conhecimento dos factos referidos, através de notícias publicadas pelos órgãos de comunicação social e que o Conselho de Administração do Hospital Beatriz Ângelo informou, através de comunicado, que iria instaurar um processo de inquérito, com caráter de urgência.
“Apesar da avaliação preliminar não permitir estabelecer qualquer relação entre o tempo de permanência na urgência, a assistência prestada e o desfecho que veio a verificar-se, o Conselho de Administração determinou a abertura de um processo de inquérito com carácter de urgência para cabal apuramento dos factos”, anunciou o hospital, em comunicado a que a RTP teve acesso.
“O Conselho de Administração do Hospital Beatriz Ângelo confirma e lamenta o falecimento ocorrido ontem de um utente de 93 anos, do género masculino, como tem sido noticiado”, lê-se, ainda, no documento, citado pela RTP. Segundo o canal público de televisão, o homem deu entrada nas urgências cerca das 13 horas de segunda-feira, com a fratura na perna. Foi visto e estaria a aguardar transferência para Lisboa quando morreu no corredor do hospital, cerca de cinco horas e meia após chegar àquela unidade hospitalar.
Comissão de utentes pede mais profissionais
Em comunicado, também, a comissão de utentes lamentou a morte do idoso e falou num "pico de procura" que deixou pacientes várias horas à espera no hospital de Loures, na segunda-feira.
"Esta situação de falta de capacidade de resposta às situações de urgência deve-se, tal como temos vindo a alertar, à falta de profissionais que possam responder às necessidades da população", argumenta a comissão de utentes do Hospital Beatriz Ângelo. "Falta agravada pelo período de férias em que nos encontramos e pela situação meteorológica que proporciona picos de procura e que não são respondidos pelos centros de saúde que enfermam da mesma falta de pessoal médico e de enfermagem", lê-se, ainda, no comunicado.
"Reiteramos a nossa convicção de que a falta de profissionais no SNS se deve a uma clara falta de investimento por parte do Governo neste, sem que se vislumbre qualquer iniciativa no sentido de lhes dar as condições de trabalho necessárias e que permita a sua fixação no sector público", adiantou a comissão de utentes, argumentando que continuará "a defender o SNS de todas as formas possíveis", e anunciando uma ação de luta para 16 de setembro.