Municípios querem potenciar a prática de modalidades desportivas em rios e albufeiras de modo a atrair turistas ao longo de todo o ano.
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Os municípios transmontanos estão a apostar na criação de estações náuticas para potenciar a prática de modalidades desportivas em rios e albufeiras de modo a atrair turistas o ano inteiro.
Depois da estação náutica do Azibo, em Macedo de Cavaleiros, cujo centro náutico foi ontem inaugurado, foi criada a dos Lagos do Sabor, que está numa fase inicial. Ainda no distrito de Bragança, a Câmara de Miranda do Douro também quer avançar com uma na zona do Rio Douro. Também em Trás-os-Montes, no distrito de Vila Real, já funciona a de Alijó.
Todas fazem parte da rede de Estações Náuticas de Portugal coordenada pelo Fórum Oceano-Associação da Economia do Mar, que conta atualmente com 42 certificadas e distribuídas de Norte a Sul do país, mas que em breve poderão aumentar para 60, uma vez que a 9.ª fase de certificação terminou no final de junho. “Ao longo dos anos a rede tem vindo a expandir-se, com especial foco nas águas do interior, onde se contabiliza o maior número de estações náuticas”, referiu Gisela Sousa, coordenadora da Rede das Estações Náuticas de Portugal.
Em Macedo de Cavaleiros, o Centro Náutico do Azibo é uma grande aposta do município para alavancar e reforçar a prática de desportos na água nesta albufeira que é, sobretudo, procurada no verão, pelas praias.
O presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros, Benjamim Rodrigues, indicou ao Jornal de Notícias que a “finalidade maior deste centro é permitir receber estágios de práticas náuticas, principalmente remo e vela, e fortalecer a rede de estações náuticas à qual nós pertencemos”.
A requalificação do antigo edifício, localizado junto à praia da Fraga da Pegada e o Cais do Azibo, para alojar o Centro Náutico implicou um investimento de cerca de 472 mil euros. As obras iniciaram-se há alguns anos, mas sofreram vários atrasos na sua execução. “Já havia instalações, mas estavam degradadas. Nós fizemos uma ampliação e remodelação. Temos um auditório e até as seleções nacionais, se ali quiserem estagiar, podem fazê-lo, pois terão condições para isso”, indicou o autarca.
Programas formativos
Canoagem, vela, windsurf e remo são modalidades que podem ser praticadas durante todo o ano na albufeira do Azibo com mais apoio graças ao Centro Náutico. “Temos um clima temperado e águas calmas, podemos ser um complemento a centros de valorização, mas, também, de acordo com as solicitações, iremos ter programas educativos e formativos que permitirão, durante todo o ano, ter alunos e praticantes por cá. Tudo será de acordo com o planeamento anual que tivermos com seleções, com as federações”, adiantou Benjamim Rodrigues.
Com o centro em funcionamento pode melhorar-se, significativamente, as condições para a prática dos desportos náuticos. Tem uma sala de formação, um ginásio, balneários e sala multiusos. Trata-se de uma estação mais voltada para o médio rendimento e para formação no âmbito da atividade náutica.
Projeto recente é a Estação Náutica dos Lagos do Sabor, que tem quatro polos distribuídos pelos municípios da área de abrangência da barragem (Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Torre de Moncorvo). Segundo, Vítor Sobral, secretário executivo da Associação dos Municípios do Baixo Sabor, ali têm se desenvolvido algumas atividades, como a primeira descida dos lagos em canoa ou o encontro de stand up paddle dos lagos do sabor.
“Através de atividades piloto queremos desenhar o plano de segurança dos lagos, o que vai ajudar que as nossas ideias possam ser integradas no programa especial de ordenamento das albufeiras, que ainda não está concluído”, explicou.
Barco ecológico
Enquanto, este plano não estiver concluído, haverá sempre condicionantes para a instalação de cais, praias ou áreas de lazer nos lagos. Ainda assim já há operadores turísticos a trabalhar. Em breve a empresa Azibo Trás-os-Montes pode ter lá um barco ecológico, com energia solar a navegar nos Lagos do Sabor.
Uma coisa é certa: as atividades náuticas no Sabor têm uma “procura crescente”, conforme salientou Vítor Sobral, que sublinha o objetivo de implementar uma rede de cais nos 70 quilómetros do espelho de água dos lagos, de modo a garantir a conectividade entre o território dos quatro municípios. “Depois queremos ter mais infraestruturas para a colocação de embarcações na água, já estamos a trabalhar nisso e a pedir pareceres à APA e ao ICNF. Haverá um período transitório de 10 anos para a conversão de motores a combustão para motor elétrico para garantir a qualidade da água”, concluiu.