A morte de "Speedy Gonzalez", como era conhecido o 1º Sargento Gonçalves, 34 anos, que ocorreu durante o exercício Real Thaw 2019 (RT19) está a ser investigada pela Polícia Judiciária Militar (PJM), por três vetores: crime, avaria do equipamento ou doença súbita do operacional.
Corpo do artigo
O corpo do paraquedista, natural de Lordelo, concelho de Paredes, foi autopsiado, de forma excecional, durante a manhã de sábado no Gabinete Médico Legal de Beja (GMLBeja), segundo apurou o JN.
A urna selada com os restos mortais do 1º Sargento Gonçalves saiu do GMLBeja às 17.50 horas de sábado, rumo ao Regimento Paraquedista (RP), sediado em Tancos, onde vai ser velado com honras militares, sendo cremado na amanhã de segunda-feira no Porto. O impacto no chão foi de tal forma violento que o corpo do militar não podia ser vestido e muito menos ser visto pelos familiares, amigos e camaradas de armas.
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O acidente aconteceu durante o exercício multinacional "Real Thaw 2019" (RT19), que junta em Beja militares da Força Aérea, Marinha e Exército portugueses e forças da Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Estados Unidos da América e Nato, num total de 600 participantes e 21 aeronaves.
Paraquedas não abriu aos cinco mil metros
O 1º Sargento Manuel António Teixeira Gonçalves, militar SOGA (Saltadores Operacionais de Grande Altitude) do RP faleceu após o salto, em que 15 mil pés, cerca de cinco mil metros, o paraquedista acionou o mecanismo de abertura do paraquedas principal, que por motivos desconhecidos não abriu.
Por avaria, impossibilidade do operador ou armadilhamento, o segundo paraquedas não foi acionado até à altura de segurança, 3500 pés, cerca de mil metros, o que atirou para a morte o militar.
Além das causas da morte do 1º Sargento Gonçalves, a PJM vai ter investigar outro pormenor não menos importante e que tem a ver com a diferença cronológica dos alertas da ocorrência. O comunicado do Exército refere que o militar "morreu na sequência de um acidente ocorrido às 9.40 horas", quando a Proteção Civil (PROCIV) refere que "o despacho de primeiro alerta ocorreu às 10.46 horas".
O único facto confirmado é que o paraquedista luso perdeu a vida, no interior do perímetro da Base Aérea (BA) 11, em Beja, na sequência de um salto de queda livre operacional.
Após o alerta da Força Aérea ao CODU, foi acionada uma ambulância do INEM dos Bombeiros de Beja (BVBeja) e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) do hospital da cidade alentejana. A ambulância do INEM entrou na BA11, mas em virtude do militar ter sido declarado morto, a mesma acabou por regressar sem o corpo. Por seu turno a VMER foi desmobilizada quando seguia a caminho da unidade militar.
Governo e presidente da República lamentaram morte
O Presidente da República, o Governo, através do Ministro da Defesa, o Exército e o Regimento de Paraquedistas lamentaram publicamente a morte do 1º Sargento SOGA.
O antigo comandante do regimento, Coronel Hilário Peixeiro, que integra a força da Missão Europeia de Treino Militar na República Centro-Africana escreveu: "estamos todos de luto e sentimos a falta deste irmão que partiu no cumprimento do dever, QNPVSC (Que Nunca por Vencidos Se Conheçam)".
Esta foi a primeira queda mortal de um paraquedista militar num exercício nacional ou internacional em Portugal, continente ilhas. Após a morte do militar, a Força Aérea decidiu suspender as operações do exercício multinacional RT19 até à amanhã.