Os partidos da oposição defendem que parecer da Inspeção-Geral das Finanças sobre indemnização a Alexandra Reis mostra gestão danosa da TAP.
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Os partidos da Oposição não ficaram surpreendidos com o projeto de parecer da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), que aponta para a existência de irregularidades na indemnização de 500 mil euros à ex-administradora da companhia aérea Alexandra Reis. Já o presidente da República não comentou o parecer, mas disse que a compensação milionária "é difícil de explicar".
A também antiga secretária de Estado do Tesouro, que se demitiu na sequência da polémica, e a TAP, liderada por Christine Ourmières-Widener, terão respondido na sexta-feira em sede de contraditório.
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"A sucessão de casos é uma espécie de permeabilidade de sucessivos governos e governantes à ideia do privilégio na gestão pública de algumas empresas e nas decisões tomadas", defendeu Catarina Martins. "É também a forma como Neeleman [ex-acionista] entrou na TAP e como prejudicou a TAP, como comprou a TAP com dinheiro da própria TAP, aparentemente também com conhecimento do Governo", acrescentou.
A deputada do PCP, Paula Santos, referiu haver "um conjunto de situações graves" na companhia, referindo também o caso de David Neeleman, que adquiriu a TAP "com valores que somam 800 indemnizações de Alexandra Reis. São aspetos que revelam a gestão danosa que tem sido o plano de privatização [da TAP]".
Devolver o dinheiro
Já André Ventura defendeu que "o Estado pode e deve pedir o ressarcimento a Alexandra Reis" da indemnização. O presidente do Chega adiantou que a IGF deve apurar "todas as indemnizações pagas (...) pela TAP".
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Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, apesar de não conhecer o parecer, "vale a pena" olhar para o documento e "ver o que não foi bem explicado". Depois da avaliação preliminar, o parecer da IGF deve estar concluído na próxima semana, de acordo com o jornal "Eco", e será enviado para o Ministério das Finanças, que só se pronunciará quando estiver concluído. Nessa altura, será possível saber se Alexandra Reis terá de devolver algum montante ao Estado, caso se confirmem as irregularidades.
No mesmo dia, ficou a saber-se que a assessoria jurídica, prestada pela SRS (que esteve envolvida na negociação da indemnização a Alexandra Reis), vai cessar no final de maio.