Em causa está a entrada de carregadores de alta potência na rede pública e a falta de tomadas. Fazer a mesma tarefa em casa fica por menos de metade do preço.
Corpo do artigo
O mercado dos elétricos ganha adeptos todos os dias, mas o preço para carregar os veículos na rede pública não pára de subir. Em abril, abastecer um carro a gasóleo ficava mais barato 49 cêntimos por cada 100 quilómetros percorridos. A Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE) está preocupada com a escalada e teme o afastamento dos portugueses da mobilidade elétrica. Ao mesmo tempo, há cada vez mais clientes a optar pela compra do carregador doméstico, que é mais barato.
Segundo o Observatório da Mobilidade Elétrica, desenvolvido pela UVE, é necessário desembolsar 7,89 euros num posto de carregamento público para percorrer 100 quilómetros com o veículo elétrico. Em abril de 2024, o mesmo percurso ficava por 7,66 euros. Tal como nos combustíveis fósseis, o preço do quilowatt/hora também sofre oscilações.
Mas há mais: é que os mesmos 100 quilómetros feitos por um carro a gasóleo vão sair mais barato 49 cêntimos, num total de 7,40 euros. Os dados divulgados pela UVE mostram que o custo do quilowatt/hora está a subir desde janeiro. “Mais do que o custo em si, a tendência de aumento preocupa-nos muito. Sem um custo competitivo, a transição para a mobilidade elétrica vai ser mais lenta, as pessoas vão ficar retraídas”, alerta Pedro Faria, presidente da UVE.
Entre as explicações para a escalada está o aumento de carregadores de alta potência na rede pública, que permitem carregar o carro de forma mais rápida, mas são mais caros. Contudo, as subidas também estão a registar-se nos carregadores mais fracos. “A rede está muito sobrecarregada, temos muitos utilizadores a chegar e a rede vai acompanhando, mas é insuficiente”, explica Pedro Faria, acrescentado que nas grandes cidades o problema é mais visível. “Em média, 90% da rede não está a ser utilizada. Agora, temos zonas onde essa ocupação é muito grande e não há uma aglomeração forte de carregamentos”, afirma. A rede de carregamento pública Mobi.E disponibiliza atualmente 6193 postos e 11 517 tomadas por todo o país. São mais 1805 do que há um ano.
Carregar em casa
Já a porta-voz da Deco Proteste, Mariana Ludovino, aponta que a “falta de uniformização tarifária entre operadores” contribui para o aumento da fatura. E realça que no preço final também tem influência o preço da energia, o valor cobrado pelo operador e os impostos. Perante este cenário, a UVE nota ao JN que chegam cada vez mais pedidos de informação à associação sobre a instalação de postos de carregamento em casa, quando metade dos novos utilizadores já adquirem um posto na hora de comprar o carro elétrico. Apesar dos custos com a aquisição e instalação, o Observatório da UVE mostra que o custo médio de um carregamento em casa por 100 quilómetros é de 3,19 euros, menos 4,70 do que na rua.
“Os consumidores devem optar pelo carregamento doméstico, que é mais previsível e económico”, refere Mariana Ludovino. E alerta ainda para a importância de programar os carregamentos para horários em que o custo da eletricidade é mais baixo e evitar os períodos de pico de consumo.
Pagamentos simplificados e previsibilidade
Além de só saber quanto é que vai pagar no final do carregamento, o pagamento também não é o mais intuitivo para quem utiliza os carros elétricos. É desde logo necessário possuir um contrato com um comercializador de eletricidade para a mobilidade elétrica, como a EDP ou a Galp. A alternativa passa por ter uma app pré-carregada com dinheiro ou conectada a um cartão de crédito ou débito.
Para a Deco, é essencial garantir a possibilidade de pagamento com cartão em todos os postos, independentemente da potência. A associação defende ainda uma simplificação do modelo para haver informação sobre os preços antes de se iniciar o carregamento, como acontece nos postos de combustíveis tradicionais, como o gasóleo ou a gasolina.
Saber Mais
Odivelas lidera
O município de Odivelas é o que tem a maior percentagem de tempo em uso (24,1%), seguindo-se Pedrógão Grande (21,8%) e Lisboa (21,8%).
Mais tomadas
Quanto à oferta, Lisboa (1431), Cascais (551) e Porto (437) são os municípios com mais oferta de tomadas.
Municípios sem postos de carregamento
No total são seis: Corvo, Mourão, Arronches, Mação, Sabrosa e Paredes de Coura.