Empresa Worldcoin paga para recolher imagens da cara e da íris das pessoas. Verificação da idade é feita pela "aparência". Uso dos dados biométricos levanta dúvidas.
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É um verdadeiro ciclo vicioso. Há familiares e amigos a incentivarem outras pessoas a fotografarem a íris em troca de criptomoedas. Quantos mais convidarem, mais recebem. A Worldcoin está em muitos centros comerciais do país e recompensa os clientes com 10 moedas digitais, cerca de 73 euros, só pela leitura deste dado biométrico. O objetivo do projeto lançado por Sam Altman da Open AI, dono do Chat GPT, passa por criar um passaporte digital que permita provar online que se trata de um humano e não de um robô, podendo ser utilizado como uma forma de autenticação pelos utilizadores. Mas gera dúvidas. A Comissão Nacional de Proteção de Dados tem um processo de averiguação a decorrer e já realizou fiscalizações. Mais de 300 mil portugueses registaram-se na aplicação, incluindo menores.
É hora de almoço num centro comercial de Vila Nova de Gaia e quem passa pelo stand da Worldcoin não fica indiferente. As esferas metálicas que se assemelham a um olho despertam a curiosidade, até dos mais distraídos. Maria Ferreira, 54 anos, teve conhecimento do projeto pelo filho, que já é cliente da Worldcoin. Ao JN, conta que só foi necessário descarregar a aplicação e agendar uma marcação para fazer “uma fotografia aos olhos”. “Vim experimentar, é sempre mais algum dinheiro que faço, é um risco”, explica, apesar de notar que não tem receio.