O ex-líder comunista Jerónimo de Sousa foi este sábado aplaudido de pé no encontro nacional do PCP, em Lisboa, fez a defesa dos resultados da geringonça e contrariou a ideia do "voto útil" no PS que depois se torna inútil.
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Nas eleições legislativas de 10 de março, defendeu Jerónimo, "é preciso denunciar vivamente a abusiva apropriação pelo PS dos avanços alcançados na defesa, reposição e conquista de direitos" que resultaram "sempre da ação determinada das forças da CDU".
Também é necessário, afirmou, "reavivar a memória do papel e das malfeitorias dos protagonistas da política de direita e os seus governos", PS e PSD, nas teses dos comunistas.
Jerónimo de Sousa, que deixou a liderança do partido em novembro de 2022, dando lugar a Paulo Raimundo, voltou à defesa de uma "política alternativa, patriótica e de esquerda" e fez um duro ataque ao PS.
O que o PS queria, nas eleições de 2022, era "ficar de mãos livres para regressar à sua política de sempre - a desatrosa política de direita - e governar sem empecilhos".
O resultado foi mau, como o empobrecimento das populações, governar para "os grande interesses económicos e financeiros", disse.
Contrariando o voto útil à esquerda no PS, Jerónimo pediu votos na coligação liderada pelo PCP, e pediu que "ninguém fique de fora destes combates " - as eleições deste ano.
"Insistir e insistir sempre na suprema utilidade do voto na CDU, ao contrário de outros, um voto que é sempre útil a quem o dá", disse.
"Não estamos para aí virados", diz Jerónimo sobre reedição da geringonça
Jerónimo de Sousa afirmou ainda que o partido "não está virado" para a reedição de uma nova geringonça "por razões da vida, por razões políticas" e para manter a sua "palavra de honra para com os portugueses".
Em declarações aos jornalistas à margem do Encontro Nacional do PCP, Jerónimo de Sousa foi questionado se haveria vantagem em voltar reeditar-se a geringonça, que o próprio negociou em 2015.
Na resposta, o ex-secretário-geral comunista, que deixou a liderança do partido em novembro de 2022, considerou que, na campanha para as legislativas de 2022, o PS "agigantou o medo da direita", com o discurso "aqui d'el rei que vem aí o diabo", e agora "o problema de fundo, os problemas nacionais estão aí por resolver".
"Portanto, o futuro dessa situação muito específica, muito especial, creio que não estamos para aí virados por razões da vida, por razões políticas e por razões de manter a nossa palavra de honra para com os portugueses", disse.