A cabeça de lista do partido ADN às eleições europeias, Joana Amaral Dias, alertou, na quarta-feira, para a complexidade da temática da imigração, enquanto montava duas tendas junto à Igreja dos Anjos, em Lisboa, para chamar a atenção para o problema.
Corpo do artigo
Joana Amaral Dias e o presidente do ADN, Bruno Fialho, pernoitaram junto à Igreja dos Anjos, onde estão várias tendas de migrantes sem-abrigo. "Parece que só podemos falar de imigração se estivermos contra a imigração ou a favor da imigração. A questão é muito mais complexa do que isso. A tónica tem de ser colocada nas condições da sociedade de acolhimento para receber e integrar estes imigrantes", salientou a candidata às eleições europeias.
Em declarações aos jornalistas, Joana Amaral Dias acusou "uma certa esquerda" de "abrir portas" a todos.
"É um discurso, do ponto de vista humanitário, completamente inaceitável, porque, como se repara aqui, (...) muitas destas pessoas que vêm para países europeus, inclusive para Portugal, com promessas de trabalho, com os olhos cheios de esperança e com dívidas gigantes a redes de tráfico humano, chegam aqui, a Lisboa, ou a outro sítio qualquer e não têm condições nenhumas", afirmou. "Isto é uma vergonha, é uma vergonha aquilo que se passa aqui, é uma vergonha para as pessoas, é infra-humano para as pessoas que estão aqui residir, é um incómodo terrível para os moradores. E portugueses e europeus devia-lhes de cobrir de vergonha. Nós temos que aferir as condições da sociedade de acolhimento respeitar as pessoas que vêm para aqui trabalhar e contribuir para a construção de uma sociedade", prosseguiu.
Joana Amaral Dias disse ainda que o Pacto em matéria de Migração e Asilo "não resolve nenhuma das situações". "Coloca um preço na testa das pessoas, custa 20 mil euros cada imigrante, que se pode transacionar de um país para o outro e não resolve os problemas das fronteiras, não separa, verdadeiramente, imigrantes por razões económicas, que são muitos dos que estão aqui, de pessoas que precisam de asilo", ressalvou.
A candidata, que esteve à conversa com alguns migrantes, realçou que a Europa tem de mostrar solidariedade. "A Europa tem de continuar a ser solidária e tem de continuar a ter compaixão, como, aliás, faz parte do seu ADN, do ADN da Europa, e estamos a falar, então, sobretudo, de pessoas que procuram asilo e refugiados, que são pessoas idosas, mulheres, grávidas, crianças, etc. Os imigrantes económicos têm de ser controlados de acordo com as necessidades da sociedade de acolhimento", sustentou.
Para controlar a situação, Joana Amaral Dia propõe que "se combatam as redes de tráfico ilegal, que continuam a circular em livre-trânsito, a encher barcos e barcos de pessoas para despejar nas costas" da Europa, responsabilizando "as pessoas que o fazem". "Por exemplo, organização de George Soros, que continua com a capa das ONG [organizações não governamentais] continua a fazer justamente essa derrama que só pode ser considerada ilegal, desumana. Depois a Europa não pode continuar a criar guerras em países estrangeiros ou a adornar recursos e depois não esperar que haja pressão imigratória. A grande fatia dos imigrantes que chegam à Europa vem de países que foram alvo do imperialismo e do neocolonialismo. Estou a falar da Síria, do Afeganistão, do Iraque", frisou.
Amaral Dias contra visitas de Zelensky para "drenar recursos"
Joana Amaral Dias manifestou-se contra as visitas do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a Portugal, Bélgica e Espanha, considerando estar "a drenar os recursos". "Aquilo que nós assistimos ontem, este périplo, o Zelensky na Bélgica, em Espanha e em Portugal para ir buscar mais armamento e drenar também os nossos recursos, porque estamos também a drenar os hospitais portugueses, as escolas portuguesas, etc., para acrescentar mais caças, mais armas... Nós a isso dizemos não", afirmou Joana Amaral Dias.
A candidata disse que está na altura de "baixar a tensão" do conflito e encontrar "uma solução negociada". "O Zelensky voltou a recusar muito recentemente a possibilidade de voltar a negociar. Na semana passada, Putin voltou a dizer que estava disponível para negociar e Zelensky voltou a fechar portas. Acho que está na altura de, efetivamente, procurarmos harmonia", salientou.
Joana Amaral Dias disse ainda que a Ucrânia "teria de ser sempre devidamente apoiada" caso integrasse a União Europeia (UE), sendo que "os fundos e a contribuição dos cidadãos europeus seriam extremamente onerosos". "Nesta situação em particular, no apoio militar, na escalada bélica à qual nós assistimos, nos estamos frontalmente e radicalmente contra. Nós estamos perante um conflito que envolve quatro potências nucleares. Se não é introduzida a paz, se não é introduzida a diplomacia, se não é introduzido o diálogo e a mesa das negociações, este conflito pode ser o conflito final. Este vórtice, esta vertigem, que [Ursula] von der Leyen ou Sebastião Bugalho, desde Marta Temido a [Jens] Stoltenberg, nos querem empurrar, é absolutamente irresponsável. É apenas a engorda do 'lobby' armamentista", precisou.
A candidata acrescentou que as "sanções à economia russa falharam redondamente", realçando que "continua pujante e cheia de vitalidade" e que "existem vários truques para fazer chegar na mesma o dinheiro à Rússia, através da transação petrolífera".
Em Portugal, as eleições europeias, nas quais serão eleitos 21 dos 720 eurodeputados, realizam-se me 9 de junho e serão disputadas por 17 partidos e coligações: a AD, PS, Chega, IL, BE, CDU, Livre, PAN, ADN, MAS, Ergue-te, Nova Direita, Volt Portugal, RIR, Nós Cidadãos, MPT e PTP.