CGTP-IN insiste na melhoria das condições de trabalho. Reformas “não são suficientes”, diz Isabel Camarinha.
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Milhares de pessoas saíram à rua, este sábado, por todo o país em defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em ações de protesto em todas as capitais de distrito, promovidas pela CGTP-IN, exigindo um reforço de profissionais e de meios técnicos e um aumento dos salários para fixar os trabalhadores.
Na manifestação em Lisboa, Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP-IN, considerou que as reformas em curso “não são suficientes nem estão no caminho certo”, insistindo na necessidade de valorizar os profissionais do SNS, não só ao aumentar os salários, como também em garantir a progressão na carreira e melhores condições de trabalho, como a carga horária.
“[O que o Governo tem feito] é a entrega, ao setor privado, de um conjunto enorme de serviços que devia ser o SNS a proporcionar e continua a desvalorizar os trabalhadores do SNS”, criticou a representante sindical, aos jornalistas. Face ao desinvestimento, a representante sindical considerou que , atualmente, “não é atrativo trabalhar para o SNS”, alertando que muitos profissionais de saúde mudam para o privado ou mesmo para o estrangeiro.
Não é para todos
Uma situação que só pode mudar de rumo se forem garantidos “os cuidados de saúde primários, todas as valências do SNS e a valorização dos seus trabalhadores”, resumiu ainda.
Sobre o aumento remuneratório dos médicos, previstos na dedicação plena e anunciado pelo ministro da Saúde - que chegam aos 1500 euros brutos para médicos no topo da carreira e 917 euros mensais para quem entra na carreira -, Isabel Camarinha sublinhou que não será para todos e que está “condicionado a um conjunto de regras discriminatórias, que obrigam os médicos a trabalhar ainda mais horas, para além do trabalho extraordinário que é permitido”.
Em Viana do Castelo, a ação concentrou cerca de 50 pessoas. Para Tiago Batista, médico de família da Unidade Local de Saúde do Alto Minho, o decreto-lei, aprovado há dois dias, “é totalmente destruidor. Vai levar, forçosamente, se assim continuar à saída de centenas, para não dizer milhares, de colegas meus do SNS”.
No discurso, o médico considerou que o SNS “está, claramente, a ser cerceado e destruído”, o que se reflete nos serviços de saúde na região do Minho.