Jornada Mundial da Juventude: palco para Papa Francisco e nova ponte já em construção
Obra para a Jornada Mundial da Juventude arrancou há um mês, mas Câmara de Loures teme atrasos nos concursos e entrega de materiais. Plano de segurança à espera de Lisboa.
Corpo do artigo
Na zona ribeirinha entre o Parque das Nações, em Lisboa, e a Bobadela, em Loures, já é possível ver uma elevação do terreno, onde será montado o palco de onde o Papa Francisco falará para cerca de um milhão de jovens de todo o Mundo. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) acontece daqui a um ano, na primeira semana de agosto de 2023, com o Parque Tejo a acolher os eventos mais importantes: a Vigília e a Missa Final, lideradas pelo chefe da Igreja Católica, que aproveitará a vinda a Portugal para visitar Fátima.
O empenho para que nada falhe no maior evento que o país recebe desde a Expo 98 já é visível, mas poderá não ser possível evitar alguns percalços. A Câmara de Loures, que já concluiu a limpeza dos terrenos municipais e diz estar a cumprir a programação, não esconde que "poderão existir imponderáveis, como condições climatéricas adversas e atrasos nos procedimentos e na entrega de materiais e equipamentos". A intervenção, em cerca de 75 hectares será feita "em terrenos de várias entidades, como Infraestruturas de Portugal, Galp e Corticeira Tavares & Companhia", indica.
Para que as obras continuem, também ainda falta que a Câmara de Lisboa assine um documento, no qual lhe são delegadas tarefas, como a instalação de eletricidade e de água. Esta semana, o município, que está disposto a investir 35 milhões de euros na JMJ, pediu ao Governo que assuma despesa num valor semelhante, deixando nas suas mãos o avanço destas obras estruturais. Já o coordenador do Grupo de Projeto para a JMJ, José Sá Fernandes, que está a preparar os planos de segurança, de saúde e de mobilidade, considera estar dependente, agora, da autarquia lisboeta para continuar este trabalho.
Contentores de saída
O megaevento vai implicar uma grande logística a nível da mobilidade. "Temos uma lista de locais, na diocese de Lisboa, onde simbolicamente fará sentido realizar eventos, porque já tiveram visita de outros papas, por exemplo.
A peça que falta para tomarmos essas decisões é o plano de mobilidade, ou seja, garantir que os peregrinos conseguem deslocar-se, sabendo a atividade da cidade naquela altura", explica Duarte Ricciardi, secretário executivo da Fundação JMJ Lisboa 2023.
Ricciardi adianta que, além do vasto trabalho logístico que está a ser feito com centenas de voluntários, no terreno "já é possível ver algumas estradas de circulação interior", assim como o início da construção da ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, que irá ligar Lisboa a Loures.
José Sá Fernandes acrescenta que esta ligação entre os dois municípios deverá estar concluída em novembro. Já os contentores de Bobadela serão retirados até ao final do ano, outra das intervenções previstas. O principal recinto da Jornada Mundial da Juventude vai surgir no antigo aterro de Beirolas, uma zona que já estava à espera de ser remodelada há vários anos.
Inscrições em outubro
A Câmara de Loures diz que, por isso, "o legado que esta JMJ deixa é muito superior a qualquer investimento que possa implicar agora: o parque verde ribeirinho que Loures nunca teve e com o qual sonha há muito. É uma nova área para lazer que a população irá conquistar para sempre", realça.
As inscrições para a Jornada Mundial só abrem em outubro e, embora ainda não se saiba quantos vão participar, Sá Fernandes arrisca "um milhão de pessoas".
Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ, diz que existem manifestações de interesse do "Chile, Peru, Costa Rica, Quénia, Polónia, França, Noruega, entre outros países" e que "são esperados jovens dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)".
"Não deixaremos de fazer tudo para que jovens de destinos em situações de guerra ou economicamente complicados possam vir", acrescenta o também bispo auxiliar de Lisboa.
Saber mais
Papa vai a Fátima
O Papa Francisco estará presente na abertura do evento, na via-sacra, na vigília, na missa de encerramento e ainda num encontro com os voluntários da organização da Jornada Mundial de Juventude (JMJ). Devido à sua situação frágil de saúde, as deslocações dentro do país, como a Fátima, poderão demorar mais tempo para poder descansar entre as viagens.
20 mil voluntários
Estão previstos mais de 20 mil voluntários na JMJ. Neste momento, 1500 pessoas da Fundação e de várias dioceses do país estão a preparar o evento.
Busca por alojamento
As dioceses de Santarém, Setúbal e Lisboa estão a identificar ginásios, escolas e centros paroquiais para alojar os jovens, que também poderão ser acolhidos por famílias.