Reportagem sobre as condições de trabalho nas obras do Mundial de 2022 valeu uma ordem de prisão aos jornalistas da estação pública britânica. "Isto não é a Disneyland", terá dito um dos polícias.
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A FIFA está a investigar um caso que envolve o país anfitrião do Mundial de futebol de 2022. Isto porque a BBC denunciou que um grupo de jornalistas foi preso por estar a fazer uma reportagem sobre as condições precárias de quem trabalha nas obras deste certame, nomeadamente baixos salários.
Mark Lobel, jornalista da estação pública britânica, revelou que foi detido em Doha com três integrantes da sua equipa quando eles filmavam um grupo de trabalhadores nepaleses. "Oito automóveis brancos cercaram o nosso veículo e levaram-nos para uma estrada secundária", descreveu Lobel no site da BBC. "Mais de 10 policias revistaram-nos e gritavam quando tentamos falar. Confiscaram o nosso material e depois levaram-nos para a esquadra", acrescentou.
Na altura da detenção, prosseguiu, um dos policias confrontou-os dizendo: "Vocês não podem andar por aí a captar imagens, isto não é a Disneyland". Durante o interrogatório, descrito pelo jornalista como "hostil", a polícia local mostrou uma pasta com fotografias de tudo o que tinham feito nos últimos dias. A equipa de reportagem da BBC passou fome, dormiu em colchões sujos e foi alvo de ameaças, pode ler-se ainda no site da estação pública britânica.
As autoridades do Qatar alegam, por outro lado, que a equipa de reportagem da BBC terá ultrapassado os limites de uma propriedade privada, sem especificar qual. A FIFA já fez saber que vai apurar o que terá acontecido naquele que será o país a receber o Mundial de 2022.