Novo líder do PS foi eleito com 17 mil votos, mas metade dos socialistas não comparecem às urnas. É recebido em Belém na terça-feira.
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José Luís Carneiro subiu à cadeira mais alta do Largo do Rato, mas o entusiasmo à volta do novo secretário-geral do PS é pouco. Só metade dos militantes apareceram nas urnas e ficou abaixo da votação do ex-líder do PS, Pedro Nuno Santos, nas diretas de 2023. Os números não auguram tarefa fácil para o socialista.
Encerradas as urnas e com o décimo secretário-geral eleito, os últimos resultados oficiais, atualizados no site do PS, apontam para uma taxa de participação de 48,9%, num total de 18 262 votantes. A lista A de José Luís Carneiro, candidato único à liderança do partido, conseguiu 17 434 votos (95,4%), registaram-se 701 brancos e 128 nulos. Estes resultados referem-se a 95% de todas as secções do PS, uma vez que ainda faltam apurar 24 secções.
Em 2023, as eleições para escolher o novo líder socialista mobilizaram 40 mil militantes, mais do dobro que as atuais. Pedro Nuno Santos foi o mais votado com 24 219 votos, vencendo 18 das 21 federações. Carneiro só levou a melhor em Vila Real, Madeira e Oeste com 14 891 votos. Daniel Adrião conseguiu 381. A verdade é que Carneiro desta vez foi sozinho, mas só conseguiu pouco mais de 3 mil votos do que em 2023.
A falta de entusiasmo também foi sentida na hora de cantar vitória. Durante o discurso, na sede do Largo do Rato, em Lisboa, Carneiro tinha uma plateia de 14 militantes. Entre eles, Carlos César, presidente do partido, José Leitão, mandatário da sua candidatura ou o antigo deputado Paulo Pisco.
Já na primeira comunicação ao país, enquanto secretário-geral, Carneiro prometeu um PS diferente, mais conciliador e longe dos populistas, mas o caminho só começa agora. E os mais críticos, como Fernando Medina, Duarte Cordeiro, Ana Catarina Mendes ou Mariana Vieira da Silva estão ao virar da esquina.
A primeira prova de fogo são as autárquicas para onde o PS parte como o partido com mais câmaras, autarcas e a liderar a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP). O objetivo de Carneiro é conquistar ainda mais. Mas a pedra no sapato do novo líder são as presidenciais. Os socialistas ainda não definiram apoio a nenhum candidato, numa altura em que o antigo secretário-geral do PS, António José Seguro, já entrou na corrida a Belém e não deverá ser o único da família socialista. Augusto Santos Silva anuncia a decisão na próxima quarta-feira.
Silêncio quase absoluto
A vitória esperada de Carneiro também não motivou reações das figuras mais conhecidas do partido, nem da oposição. E há mais. Em 2023, Pedro Nuno Santos recebeu o testemunho de António Costa no Largo do Rato. Agora, o ex-líder socialista remeteu-se ao silêncio sobre o seu sucessor e não está marcado nenhum encontro.
Marcelo Rebelo de Sousa vai receber em audiência, na terça-feira, pelas 15 horas, no Palácio de Belém, o novo secretário-geral do PS. Este encontro com o novo líder socialista consta de uma nota divulgada no portal da Presidência da República.
Por sua vez, o presidente do PS, Carlos César, vai convocar a Comissão Nacional do partido para o próximo sábado, dia 5 de julho, para aprovação de alterações ao Secretariado Nacional do PS, o órgão de direção executiva desta força política.