O desemprego jovem atinge cerca de 19% da população até aos 29 anos. De acordo com um estudo do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, cerca de 29% dos jovens desempregados só têm o 9.º ano de escolaridade e são os que mais tempo demoram a encontrar um novo emprego.
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Devido à crise decorrente da pandemia da covid-19, os números do desemprego jovem agravaram-se nos últimos três anos, tendo atingido os 23,4% em 2021. No entanto, no último ano, houve uma ligeira redução: em 2022 cerca de 19% dos jovens, entre os 15 e os 29 anos, estavam em situação de desemprego.
Mas quem são esses jovens? O estudo, realizado pelo ISCTE e baseado em dados dos últimos quatro anos do Instituto de Emprego e Formação Profissional, revela que, em 2022, quase 30% dos jovens desempregados apenas tinham o 9.º ano de escolaridade e 47% só concluíram o 12º ano. Dos jo.vens que terminaram o Ensino Secundário e que estão desempregados, 28,5% frequentaram cursos profissionais.
De acordo com o relatório, os jovens menos qualficados, nomeadamente aqueles que apenas têm o 3.º Ciclo, são os que mais tempo demoram a arranjar emprego e esta situação tende a agravar-se. Para melhorar a situação profissional destes jovens, o ISCTE recomenda que sejam criadas oportunidades de formação em contexto de trabalho, através, por exemplo, de contratos de formação nos quais as empresas aderentes seriam apoiadas financeiramente. Já para aqueles que chegam até ao 12º ano, o Instituto Universitário de Lisboa sugere campanhas para incentivar os jovens a prosseguirem os estudos e melhorarem a atratividade dos cursos profissionais, de modo a que mais jovens escolham essa via formativa.
Licenciados desempregados
Não só os jovens menos qualificados são afetados pelo desemprego. Para os licenciados , os números de demprego varia em função da área, sendo que as mais atingidas são as áreas de "Artes e Humanidades", "Ciências Sociais, Informa ção e Jornalismo", e "Ciências Empresariais e Direito". Para aqueles que possuem um mestrado ou um doutoramento, as áreas com maior taxa de desemprego são a da "Educação", "Ciências Naturais, Matemática, Engenharias" e "Saúde e Proteção Social".
Aumentar o investimento em programas de "reskilling", envolvendo as instituições do Ensino Superior, dar prioridade aos jovens provenientes das áreas de formação com baixa empregabilidade nos serviços públicos de emprego (IEFP), desenvolver campanhas junto das empresas para a incentivar a contratação de jovens oriundos destas áreas de formação são algumas das políticas sugeridas pelo ISCTE para apoiar os jovens licenciados que não encontram emprego.
Trabalho de curta duração
Os contratos a termo certo são a principal causa de desemprego, tendo sido referida por mais de 42% dos jovens que procuravam emprego em 2022. Além disso, segundo o estudo, o setor de atividade onde trabalhavam antes de ficarem desempregados também é um fator importante. Em 2020, 26,3% dos jovens desempregados trabalhavam na área do "Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos" e 22,4% na área do "Alojamento e Restauração".
De acordo com o relatório, no último ano, cerca de metade dos jovens desempregados não estava inscrita no serviço publico de emprego.