A Frente Unitária Antifascista organizou manifestações, em Lisboa e no Porto, em protesto contra as ameaças feitas por um grupo de extrema-direita a três deputadas e ativistas antifascistas e antirracistas.
Corpo do artigo
Cerca de cem pessoas estavam concentradas, pelas 15.30 horas deste domingo, na Praça Luís de Camões, em Lisboa, para participar na manifestação agendada pela Frente Unitária Antifascista.
Na maioria, jovens, começaram a desmobilizar por volta das 17 horas. A adesão superou as expectativas da organização, adiantou ao JN Rita Osório, da FUA.
A ação - que decorre também na Avenida dos Aliados, no Porto - foi convocada depois de, na semana passada, três deputadas e sete ativistas terem terem sido ameaçados, num e-mail, por um grupo de extrema-direita.
"Fascistas não são bem-vindos", "No nazis on our streets" ("não aos nazis nas nossas ruas", em português) e "Estamos a perder Abril", eram algumas das frases que se liam nos cartazes.
O ambiente esteve sempre calmo e, na esplanada existentes no largo, em pleno Chiado, várias pessoas que aproveitaram a tarde de sol. Menos de dez polícias controlam, à distância, os acontecimentos.
Desde as 15.15 horas, foram vários os oradores a expressar a solidariedade com os visados, em intervenções intercaladas com salvas de palmas e gritos de que "[os fascistas] não passarão".
"Fiquei um bocado ansiosa. Ninguém gosta de ver o seu nome numa lista a ameaçar de morte a si e às suas famílias. Mas não é isso que me vai fazer desistir de lutar pelo que é justo e certo", concluiu, ao JN, Rita Osório, uma das pessoas visadas no e-mail.
Cerca de 300 pessoas juntaram-se à manifestação no Porto
Cerca de trezentas pessoas participaram no Porto, durante a tarde de domingo, numa concentração contra "tentativas de intimidação" a três deputadas e a sete ativistas antifascistas e antirracistas, constatou a Lusa no local.
https://d23t0mtz3kds72.cloudfront.net/2020/08/16ago2020_cesarc_racismo_n_20200816164806/mp4/16ago2020_cesarc_racismo_n_20200816164806.mp4
Entre os manifestantes concentrados no Porto encontrava-se Luís Lisboa, coordenador do núcleo de Guimarães da Frente Unitária Antifascista (FUA), um dos primeiros ativistas a formalizar queixa-crime pelas ameaças e que disse encontrar-se já sob proteção policial.
"Temos de nos insurgir contra esta vil ameaça. Isto não passa de terrorismo", afirmou aos jornalistas.
Este tipo de ameaças, sublinhou, "só se pode combater com a decência, com a fraternidade, com a solidariedade e com o levantamento popular. Isto não é um ataque a dez pessoas, é um ataque a todo o país. E todo o país tem de combater, mais do que nunca, estas tentativas de retrocesso, de voltar ao passado".
Durante a concentração, que estava a ser acompanhada por um discreto dispositivo policial, mas sem quaisquer incidentes, ouviram-se palavras de ordem como "fascismo nunca mais".
Também presente no protesto do Porto, outra ativista da FUA, Andreia Santos, recusou a "cedência ao medo", face às tentativas de intimidação.
"Medo não é o que nos move. Não o sentimos e não vamos de deixar de ser antifascistas. Se vão recorrer a métodos pidescos, não nos vão intimidar", garantiu, num discurso pautado por críticas à legalização do partido de extrema-direita Chega, que lhe permitiu eleger um deputado.
Tino de Rãs, do partido RIR, juntou-se igualmente ao protesto, "a pedido da filha", porque - disse - "é preciso lutar contra aqueles que andam à boleia da democracia".
* com Lusa