Para que não me acusem de defesa apologética da Igreja Católica ou digam que reajo por imperativos corporativos, digo, desde já, que a Igreja nunca foi santa, mas é pecadora.
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É a casta meretriz, capaz de muita santidade, e ferida, vezes sem conta, de pecados, dos mais leves aos mais graves, inclusive a execrável pedofilia.
Dito isto, consintam-me o à-vontade para dizer que já me sinto enojado com tanta sanha contra o Papa ou os seus colaboradores. Assim reagem os editorialistas de serviço para denunciar os erros de uma Igreja que não querem que tenha influência na sociedade, mas remetida ao foro privado. Teimam ver a Igreja como uma multinacional, negando qualquer autonomia às igrejas particulares e locais, tornando irresponsáveis bispos, presbíteros, diáconos, religiosos/as, consagrados seculares e povo de Deus, todos obrigados à submissão e subserviência a Roma. Os escândalos podem ter-se passado localmente, algures no Mundo, mas Roma tinha a obrigação de saber tudo e, se não agiu, é culpada.
Concordo com o poeta judeu Jon Juaristi, quando escrevia, há dias, no diário espanhol ABC, sobre os "justiceiros" que não param de acusar o Papa e a Igreja Católica mais do que preocupados em defender as vítimas da pedofilia. O importante para eles é atacar o Papa, ainda que a obsessão persecutória se revele demasiado mórbida para ser verdadeira ou tão explosivamente mediática que todo o bicho careta se ache dotado para pregar moral, sem se dar conta que a pedofilia não é exclusiva de clérigos, mas transversal a todos os estratos sociais. Os justiceiros correm o risco de perder o sentido da justiça.