A Igreja Católica geriu mal os clérigos pedófilos. Quando os abusos de menores se tornaram tão escandalosos e mediáticos, a Igreja aprendeu a reagir com prontidão, se calhar mais do que qualquer instituição política, social ou cultural.
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Acho oportuno que o prefeito da Congregação para o Clero, cardeal brasileiro Claudio Hummes, convide os mais de 400 mil sacerdotes de todo o Mundo para se reunirem em Roma, de 9 a 11 de Junho próximo, no final do Ano Sacerdotal, e, ali, manifestarem "solidariedade e apoio" a Bento XVI. Considera que as acusações ao Papa são "evidentemente injustas", tendo em conta o que tem feito para "condenar e combater os delitos dos abusos de menores".
Aprecio a teologia de Hans Küng, mas não concordo com as suas ideias mais recentes. Quando Ratzinger foi eleito Papa, recebeu-o em longa audiência. Pensei ingenuamente que os amigos voltavam a dar-se bem. Vi depois Küng a criticar duramente Bento XVI, mas nunca como agora. Convida os bispos a rebelar-se contra o Papa, porque Bento XVI, como diz, fracassou na aproximação aos judeus, no diálogo com protestantes e na reconciliação da Igreja Católica com as ciências modernas. Acusa-o de relativizar os textos do Concílio Vaticano II. Conclui que os escândalos de pedofilia geraram uma "crise de confiança" no Papa e uma "falta de liderança" sem precedentes. Condena o "poder" do Papa e defende o "consenso permanente com os bispos". Por isso, lembra aos bispos que só devem "obediência incondicional a Deus" e não ao Papa. Recomenda um novo Concílio para a renovação do catolicismo.
Cheira-me a indelicado e teimoso "ódio teológico"!