Orientação da DGS para saídas de idosos por mais de 24 horas gera dúvidas e receio. Versão foi corrigida no sábado.
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Os lares vão decidir caso a caso se cumprem a orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS) que dispensa do isolamento idosos que saiam por mais de 24 horas, quando forem dados como recuperados da infeção nos últimos 90 dias ou tiverem um esquema vacinal completo contra a covid-19. Ao JN, representantes do setor chamaram, por exemplo, a atenção para a necessidade de ter em conta o grau de risco do concelho onde está o lar. E há receios sobre a eficácia das vacinas. Sábado, dia com mais cinco mortes e 649 casos, surgiu uma versão corrigida da orientação.
A norma refere, nas saídas por mais de um dia, que os residentes recuperados no último trimestre não têm que fazer isolamento nem teste laboratorial. Os que completaram as vacinas também não têm que ficar isolados. E devem fazer teste laboratorial (nos termos dos pontos 30 e 31 relativos a novos utentes) que pode coincidir com o rastreio em curso no lar. Esta última parte foi acrescentada.
Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, disse ao JN ser "preciso ter sempre em atenção o estado geral do território onde está o idoso", dando o exemplo dos concelhos de elevado risco. "É uma questão de bom senso", apelou. E a quarentena ficará "ao critério dos provedores".
Para João Ferreira de Almeida, presidente da Associação de Lares Privados, o isolamento será decidido "caso a caso", com "autonomia" dos lares. Embora idosos e funcionários estejam vacinados, tem dúvidas sobre a eficácia, se o portador do vírus fica assintomático ou se é transmissor mesmo com vacina. Pergunta ainda se a norma é para aplicar de igual modo no país todo ou consoante o risco do concelho. São questões que remeteu por escrito à ministra da Segurança Social.
Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, elogia a norma quando "quase a totalidade" dos idosos estão vacinados" e "há menos contágios na comunidade". "Já podem sair com mais segurança e contactar com as famílias, é mutuamente bom", referiu. Deixarão de fazer isolamento conforme prevê a norma, mas "mantendo todos os cuidados e distanciamento".
Expressão sobre motivos de saúde foi excluída
Na nova versão foi retirada uma expressão que induzia a ideia de que as saídas eram limitadas a motivos de saúde. A propósito, o presidente da Associação de Lares Privados, João Ferreira de Almeida, contou ao JN que um lar se queixou da orientação de uma delegada de saúde. Remetendo para indicações da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, terá dito ao lar que a norma só se aplicava a saídas por motivos de saúde.