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A grande maioria dos portugueses não quer eleições legislativas no imediato e prefere continuar com o atual cenário governativo e parlamentar. A conclusão é do barómetro da Pitagórica para o JN, TSF, TVI e CNN Portugal, onde se conclui que o PS fez bem em não aprovar as moções de censura do Chega e do PCP.
Para 70% dos inquiridos, é preferível continuar com o atual cenário e apenas 25% querem eleições. Os outros 5% não sabem ou não respondem. A vontade de ir às urnas é ligeiramente maior nos homens (28%) do que nas mulheres (23%). O afã eleitoral é sobretudo visível na faixa etária acima dos 34 anos (27%), sendo que nos mais novos cai de forma significativa (21%), o que se pode explicar com o maior pendor dado pelo Governo às políticas da juventude, com o IRS Jovem e a criação de um ministério próprio, por exemplo.
É nas classes sociais baixa e média/baixa que a vontade de ir a eleições é maior (30%). Na classe média só 26% preferem o sufrágio e nas classes alta e média/alta só 22% dos inquiridos têm o mesmo desejo. Por regiões, é em Lisboa que há maior vontade de ir a eleições (30%), seguindo-se o Norte (26%), Sul e ilhas (23%) e Centro (20%).
Em linha com as conclusões anteriores, a maioria dos portugueses (77%) acha que o PS fez bem em não deixar cair o Governo ao não aprovar as moções de censura do Chega e do PCP, em que votou contra e se absteve, respetivamente. Só 20% acha que devia ter votado a favor. Os eleitores dos partidos que apresentaram as moções de censura mais os votantes do Livre são os que mais preferiam que o PS tivesse deixado cair o Governo.
Inquiridos chumbam moções
Se a decisão fosse dos inquiridos, ambas as moções de censura teriam chumbado. No caso da moção do Chega, 54% dos inquiridos seriam contra, 22% abstinham-se e 21% votavam a favor. Já a do PCP convenceu ainda menos inquiridos, pois 62% votariam contra, 18% abstinham-se e só 17% aprovavam. Em ambas as moções são as classes sociais mais baixas que têm maior propensão para votar a favor, sendo que no sul e nas ilhas a tendência também é maior do que nas restantes regiões. Sem surpresa, os eleitores do Chega e do PCP aprovariam mais as moções dos seus partidos.
O consenso entre os inquiridos esbate-se quando são chamados a responder o que deve fazer o PSD caso o presidente da República não aceite eleições antecipadas. O eleitorado divide-se, com 43% a dizerem que os sociais-democratas devem apresentar um novo primeiro-ministro e 44% a dizerem que deve insistir em eleições. Os que não sabem ou não respondem são 13%, registando-se nesta questão a maior percentagem de indecisos de todo barómetro que envolveu 18 questões sobre a crise política.
Ressalve-se que o cenário de eleições é o mais provável caso a moção de confiança seja aprovada hoje, pois Marcelo Rebelo de Sousa tem pouca margem para admitir um primeiro-ministro não eleito depois de ter rejeitado Mário Centeno na crise política resultante da demissão de António Costa, há um ano.
Montenegro divide opiniões
Assim, num cenário de eleições, a maioria dos inquiridos (55%) defende que Luís Montenegro deve afastar-se e dar lugar a outro candidato, enquanto que 40% defendem a recandidatura do atual primeiro-ministro. Cerca de 5% não sabem ou não respondem. São sobretudo os homens, os mais jovens (18 e 34 anos), das classes sociais média e alta, e os eleitores da AD e da IL que mais preferem o atual primeiro-ministro a candidato.
A nível regional, é a Norte que Luís Montenegro tem mais apoiantes da recandidatura. À medida que o local de residência dos inquiridos avança para sul, mais se reduz o apoio. No Sul e nas ilhas, quase dois terços dos inquiridos (64%) defende que Montenegro deve afastar-se num cenário de eleições, ao passo que só 32% defendem que deve ser ele o candidato.
Registe-se que Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, já anunciou que o candidato do PSD será Luís Montenegro caso haja eleições. Para que isso não aconteça, seria necessário que os militantes forçassem um congresso eletivo extraordinário, para o qual são precisas 2500 assinaturas, e nele conseguissem votos suficientes para destronar o atual presidente do PSD.
Ficha técnica
As sondagens de opinião foram realizadas pela Pitagórica para o JN, CNN, TVI, TSF e O Jogo, sobre temas da atualidade nacional. Universo: eleitores recenseados em Portugal, de ambos os sexos e com 18 ou mais anos: 9 260 214 eleitores. A Pitagórica utilizou neste estudo a recolha dos dados através de entrevista telefónica, suportada por um sistema CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing, com validação automática e em sistema Auto Dial. Utilizou-se uma amostragem não probabilística cumprindo-se quotas por sexo, idade e distrito. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de telemóvel mantendo a proporção dos três principais operadores. A primeira sondagem, realizada entre os dias 23 a 27 de fevereiro, representa uma amostra obtida de 400 indivíduos; este valor traduz um grau de confiança de 95,5%, com uma margem de erro de ± 5,00%. Na segunda sondagem, realizada entre os dias 3 e 6 de março, a amostra obtida foi de 625 indivíduos; este valor traduz para um grau de confiança de 95,5%, com uma margem de erro de ± 4,00%. Responsabilidade do estudo e direção técnica de Rita Marques da Silva.