Maior parte dos presidentes de Câmara impedidos de voltar a concorrer é socialista. Há 38 autarcas obrigados a deixar o lugar vago para outro.
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Há 38 presidentes de Câmara que estão impedidos de voltar a concorrer ao cargo devido à limitação de três mandatos. A maior parte, 23, é socialista. Mas alguns já anunciaram a intenção de saltar de concelho, como as autarcas da CDU de Setúbal, Maria das Dores Meira, e a social-democrata de Arronches, Fermelinda Carvalho. Outros vão trocar de cadeira com o atual vice-presidente e tentar a conquista da Assembleia Municipal. A maioria, porém, recusa ser paraquedista e retomará a profissão.
A comunista Maria das Dores Meira já anunciou que vai tentar "recuperar" Almada para a CDU, que está, desde há quatro anos, nas mãos da socialista Inês de Medeiros. Fermelinda Carvalho já foi anunciada por Rui Rio como a aposta do PSD para tentar "roubar" a capital de distrito Portalegre das mãos de uma independente.
Em Mora, o comunista Luís Simão Matos deixa todas as possibilidades em aberto: concorrer a outro concelho ou à Assembleia Municipal daquele município do distrito de Évora.
"Não está nada fechado. Pode acontecer tudo. Depende dos interesses do partido, que irei sempre respeitar. Se acharem que a minha ajuda pode ser importante, estarei disponível", avançou, admitindo que este último mandato "foi muito complicado" por causa da gestão da pandemia. "Tivemos muitos concursos que ficaram desertos", exemplificou.
Rumo a outra cadeira
A maior parte dos autarcas na reta final do terceiro mandato é, contudo, contra uma candidatura a outra Câmara. É o caso do socialista Miguel Costa Gomes, de Barcelos.
"Está fora de questão qualquer possibilidade de concorrer a um outro concelho. Nunca seria candidato a um local que não conhecesse. Sou contra isso. Seria contornar a lei", assumiu, ao JN, o presidente da Câmara de Barcelos.
O autarca minhoto já admite, contudo, a outra possibilidade. E a sua candidatura à Assembleia Municipal já foi inclusivamente aprovada pelos órgãos locais do PS. "É um papel digno e é mais um contributo que posso dar", justificou.
Voltar à profissão
"Concordo absolutamente com a limitação de mandatos. Foram 20 anos de serviço público, oito como vice-presidente. Cumpri a minha obrigação. Agora, é altura de dar lugar a outros", sustentou o presidente da Câmara de Ponte de Lima.
O centrista Victor Mendes vai dedicar-se, assim, apenas à atividade profissional que tinha antes de ser autarca: engenheiro agrónomo. O mesmo caminho escolheu o presidente da Câmara de Espinho. "Vou regressar à minha atividade profissional. Sou a favor da limitação de mandatos. Sou absolutamente contra candidatos paraquedistas. Respeito quem siga esse caminho mas não o quero para mim", vincou o social-democrata Pinto Moreira, que é advogado.
São 11 os autarcas do PSD que finalizam o terceiro mandato, tal como Pinto Moreira. A maior parte dos presidentes de Câmara na reta final é socialista: 23. Há, ainda, três da CDU afetados pela limitação de mandatos e o centrista de Ponte de Lima. Dos 38 autarcas, quatro são mulheres.