Leitão Amaro tapa a cara com folha e deixa à mostra notas para gestão de crise
Rascunho que seria um conjunto de anotações sobre a ação do Governo para os próximos dias tem sete tópicos.
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O momento aconteceu na quarta-feira, durante o debate da moção de censura, que acabou chumbada com as abstenções do PS e do Chega: a dado momento, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, deixou-se fotografar inadvertidamente com um rascunho onde constava a aparente estratégia de gestão de crise do executivo. Isto porque no verso do papel que usava para esconder a cara das câmaras com uma folha, para garantir alguma privacidade ao falar com Luís Montenegro, estava escrevinhado o plano de comunicação do Executivo para os próximos dias. A imagem foi captada pelo fotojornalista da agência Lusa Manuel de Almeida.
De acordo com o "Observador", a quem fontes do Governo confirmaram a veracidade do documento, é bastante possível que a estratégia tenha sofrido alterações e que estas sejam apenas notas preliminares, entretanto atualizadas. E, segundo o explicou fonte do Executivo ao "Público", o rascunho corresponde a um conjunto de anotações e não a um plano concreto de gestão da atual crise política.
No documento em causa, lê-se que ainda na quarta-feira, depois do debate da moção de censura, os ministros iriam às televisões - à semelhança do que aconteceu no sábado passado, quando, depois da declaração de Luís Montenegro ao país, cinco governantes estiveram nos cinco canais de notícias a responder a perguntas sobre a empresa familiar do primeiro-ministro, a Spinumviva.
Também segundo o rascunho, para esta quinta-feira estaria prevista a "entrega de respostas aos partidos" sobre o caso (durante o debate, o primeiro-ministro foi acusado de não responder às perguntas dos partidos e da comunicação social). E, para o dia seguinte, conforme se pode ler, na agenda estaria também uma reunião de Conselho de Ministros, que de facto está marcada para sexta-feira às 10 horas. Segundo está anotado no documento, estaria ainda prevista, entre sexta-feira e segunda, uma entrevista ao primeiro-ministro a três canais de televisão (o que está ainda por confirmar).
A julgar pelo ponto de interrogação que antecede o sexto tópico, por decidir estaria se, depois da entrevista de Luís Montenegro, haveria ou não nova reunião de Conselho de Ministros para apresentação de medidas. Infraestruturas, Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) e a iniciativa "Água que une" estão incluídas nesse leque.
Ainda de acordo com o rascunho, o sétimo e último passo do conjunto de ações, depois de duas possíveis reuniões de Conselho de Ministros numa semana, seria o debate e votação da moção de confiança, que tem o chumbo anunciado do PS e toda a Esquerda.