A Santa Sé defende Bento XVI, após ter declarado "venerável" o antigo Papa Pio XII, ao afirmar que a amizade do actual Papa pelos judeus é um "dado incontestável", como sublinha o porta-voz do Vaticano, padre Frederico Lombardi.
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A "recente assinatura do decreto" que declara Pio XII como venerável - diz - "de maneira alguma deve ser lida como um acto hostil contra o povo judaico e deseja-se que não seja considerada um obstáculo no caminho do diálogo entre o Judaísmo e a Igreja Católica".
Já em Outubro do ano passado, Bento XVI convidava a rezar "para que prossiga felizmente a causa de beatificação" de Pio XII, Papa que faleceu em 1958, destacando a sua acção durante a II Guerra Mundial. Pio XII, assegurou situações concretas daquele complexo momento histórico, ele intuía que só dessa forma podia evitar o pior e salvar o maior número possível de judeus". Bento XVI recorda que o seu predecessor, Eugénio Pacelli, guiou a Igreja "numa época marcada pelos totalitarismos: o nazi, o fascista e o comunista soviético". A todas essas situações, Pio XII reagiu com condenações escritas, nas encíclicas "Non abbiamo bisogno", "Mit Brennender Sorge" e "Divini Redemptoris". Segundo Bento XVI, Pio XII percebeu, desde o início, "o perigo constituído pela monstruosa ideologia nacional-socialista (nazi), com as suas perniciosas raízes antisemitas e anticatólicas".
Lembra também os "momentos mais duros" do pontificado de Pio XII, que se iniciou "quando se adensavam na Europa e no resto do Mundo as nuvens ameaçadoras de um novo conflito mundial, que ele procurou evitar de todas as formas". Na radiomensagem do Natal de 1942, Pio XII deplorou a situação de "centenas de milhar de pessoas, as quais, sem culpa alguma, são destinadas à morte por causa da sua nacionalidade ou raça".
No final da guerra e na altura da sua morte, Pio XII recebeu "numerosos e unânimes atestados de gratidão", inclusive das mais altas autoridades do mundo judaico, por exemplo, de Golda Meir, que dizia, agradecida: "Quando o martírio mais terrível se abateu sobre o nosso povo, durante os dez anos do terror nazi, a voz do pontífice (Pio XII) levantou-se em favor das vítimas".
Só mais tarde surgiria a "lenda negra" do silêncio de Pio XII!