O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses diz-se disponível para analisar qualquer proposta do Governo que envolva a prevenção da floresta, desde que a principal tarefa dos bombeiros de combater o fogo e acudir a população não fique prejudicada.
Corpo do artigo
Em declarações à agência Lusa a propósito da entrevista do secretário de Estado das Florestas ao jornal "Público", em que o governante admite que os bombeiros possam passar a participar na limpeza de matas, Jaime Marta Soares afirma: "Não digo que não estejamos disponíveis para ouvir e conversar. Depois, se houver possibilidade de encaixar naquilo que podemos ajudar, levarei as propostas às associações para que estas decidam se têm capacidade".
Não vamos participar no que quer que seja que possa pôr em causa a nossa eficiência enquanto bombeiros no combate
"De uma coisa tenho a certeza: não vamos participar no que quer que seja que possa pôr em causa a nossa eficiência enquanto bombeiros no combate. Mas, se pudermos ajudar a tornar a floresta mais segura, estaremos aqui para ouvir e conversar", acrescentou.
Na entrevista, o secretário de Estado Miguel Freitas fala da necessidade de equilibrar os gastos entre prevenção e combate, acabando com o conceito de separação das duas áreas.
Neste âmbito, o governante apontou as verbas gastas em ambos os casos: "Do ponto de vista anual, gastam-se cerca de 120 milhões de euros, dois terços em combate, um terço em prevenção. Em cinco anos vamos trabalhar no sentido de equilibrar o que é investimento em prevenção e o que é investimento em combate".
"Só no momento que conseguirmos que quem está no combate possa fazer prevenção é que conseguiremos vencer o desafio que temos pela frente", disse o secretário de Estado, lembrando: "(...) não me repugna a ideia de que os bombeiros possam também ter intervenção em matéria de prevenção".
Questionado sobre a matéria, o presidente da Liga diz que não rejeita à partida um projeto que não conhece, manifestando abertura para reunir com o Governo e abordar o assunto, mas salvaguardando que o trabalho de combate ao incêndio nunca pode ser afetado.
"Não digo que não a uma coisa que não conhecemos bem, apesar de não ser da nossa função principal, que é o combate ao fogo e socorro às populações. Se puder ser, muito bem, se não puder, dizemos que não podemos fazer parte desse projeto", afirmou. Para Jaime Marta Soares, "tudo tem que ver com o projeto e com os meios disponíveis".
"Não vamos participar em nada que possa por em causa a eficiência da função de socorro que tem que ver com o combate", reforçou.
8738773
Sobre alegados casos de desvio de verbas que seriam destinadas às refeições destinadas aos bombeiros que estão no terreno a combater os incêndios, uma situação denunciada pelo presidente da Associação Nacional dos Bombeiros Voluntários, Jaime Marta Soares afirmou: "Não vejo, do que conheço, que haja menos transparência por parte das associações humanitárias ou câmaras municipais ou falta de rigor na gestão em relação a esta matéria".
"Nunca me chegou às mãos nenhuma informação sobre o assunto. Confio nas associações e nas câmaras municipais. De qualquer forma, quem tiver conhecimento de que há desvios ou utilização abusiva das verbas relativas à alimentação, deve denunciar o caso, para que essas pessoas possam ser chamadas à justiça. Se não o fizerem são coniventes com uma situação desonesta e criminosa", acrescentou.