Linha SNS 24 lança novo serviço de teleconsulta para reduzir pressão nos serviços
Linha tem 63 médicos de família para atendimento por videochamada. Urgências registam tempos de espera prolongados. Europa alerta para aumentos acentuados de gripe e VSR.
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Os utentes que ligam para a Linha SNS24 podem agora ser encaminhados para uma teleconsulta realizada por um médico de medicina geral e familiar. O novo serviço - “uma pequena parte” de um projeto mais amplo, como referiu a ministra da Saúde -, arrancou esta semana e vai ser testado durante três meses. A linha tem 63 médicos disponíveis para atender à distância, adiantou Ana Paula Martins. É mais uma ferramenta para tentar aliviar os serviços de saúde, sobretudo as urgências dos hospitais numa altura em que a pressão está a aumentar.
Ontem à tarde, vários hospitais registavam tempos de atendimento para doentes urgentes (pulseira amarela) de quase três horas. Com destaque para o Hospital Beatriz Ângelo (Loures) que, às 18 horas, apresentava um tempo de espera para doentes urgentes superior a sete horas. Ainda ontem, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) alertou para “aumentos acentuados nos indicadores da gripe e da atividade do vírus sincicial respiratório [VSR]”, recomendando aos países que ponderem práticas de prevenção e controlo de infeções para reduzir a transmissão em contextos de cuidados de saúde e que considerem aumentar a capacidade de resposta.
Acesso através de link ou da APP
Numa visita às instalações da Linha SNS24, em Lisboa, a ministra da Saúde realçou que, nesta altura do ano aumenta a pressão sobre as urgências e os cuidados de saúde primários, devido às infeções respiratórias. “Esta é a altura certa para lançarmos este serviço”, defendeu Ana Paula Martins, explicando que servirá os utentes em “situação aguda” menos grave, e será mais uma resposta a utentes sem médico de família.
Nem todas as situações têm indicação para teleconsulta, ficando a decisão a cargo do profissional de saúde que atende a chamada na linha SNS24, após a triagem e avaliação clínica. O serviço não inclui vigilância de doenças crónicas, renovação de medicação ou avaliação de resultados de exames.
Os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) explicam que, após a triagem, com encaminhamento para teleconsulta, o utente recebe um link por SMS no telemóvel. O acesso pode ser feito pelo Portal SNS24, utilizando o link, ou pela app SNS 24.
“Para realizar a teleconsulta, o utente precisa de acesso a telemóvel e a um dispositivo com câmara, microfone e ligação à internet”, explicam os SPMS, devendo também assegurar que se encontra num ambiente tranquilo, sem interferências externas, para preservar a privacidade da consulta.
Questionado sobre quem tem dificuldade de aceder a consultas com meios digitais, João Oliveira, responsável pela Linha SNS24, referiu que há cada vez mais pessoas a aderir ao serviço. “A aplicação do SNS 24 está a atingir recordes de 11 milhões de download (...) esta linha já atendeu mais de três milhões de utentes só este ano”, afirmou.
Hospitais privados têm “crescimento significativo”
Os hospitais privados estão a registar um “crescimento significativo” de importância há mais de 10 anos no sistema de saúde nacional, com a sua despesa corrente a ser cada vez mais suportada diretamente pelas famílias.
As conclusões constam de um estudo da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) sobre a concorrência na área hospitalar não pública e que abrangeu 92 hospitais e 113 unidades de ambulatório dos setores privado e social detidos por 57 operadores diferentes.
“Em Portugal, verifica-se há mais de uma década um crescimento significativo da importância do setor hospitalar privado no sistema de saúde, o que se reflete no aumento da despesa neste setor, que, em 2022, representou aproximadamente 10% de toda a despesa corrente em saúde”, refere o documento. A despesa corrente em saúde nos hospitais privados é “cada vez mais suportada por pagamentos diretos das famílias”, que atingiram os 1245 milhões de euros em 2022, com um crescimento médio anual de 9,2% desde 2014. De acordo com os dados da ERS, os privados têm ao seu serviço 14 455 médicos, 6529 dos quais em Lisboa e Vale do Tejo, 5194 no Norte, 1974 no Centro, 554 no Algarve e 204 no Alentejo.