Em plena 2.ª vaga e com linha a emitir declarações de isolamento, contactos chegaram aos 936 mil em novembro. A 17 de janeiro foi ultrapassado o total de ligações recebidas em dezembro.
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A segunda vaga pandémica, com pico estimado entre 18 e 21 de novembro, colocou uma pressão nunca antes vista sobre a linha SNS24, com milhares de chamadas por atender. Naquele mês, chegou-se aos 936 mil contactos, dos quais 120 mil não foram atendidos, numa média diária de quatro mil chamadas perdidas. Altura em que o SNS24 passou, também, a emitir declarações de isolamento. Já em dezembro, com uma menor procura, a taxa de atendimento subiu para os 97,58%.
Os números de 2020 agora publicados no Portal da Transparência colocam novembro com a mais baixa taxa de atendimento, nos 87,68%, num total de 935 996 chamadas recebidas, seguindo-se outubro (94,27%, com 645 mil chamadas). Para se ter uma noção, trata-se de uma procura 3,4 vezes superior face a abril, na 1.ª vaga. À época, 98,84% das chamadas foram atendidas, o valor mais alto, de acordo com os dados disponíveis.
Refira-se, a este propósito, que foram tornados públicos dados de abril a dezembro de 2020. Recordando que em março, após notícias que davam conta do elevado número de chamadas não atendidas, a informação deixou de estar disponível.
Seis minutos de espera
Com a procura a atingir níveis máximos, o tempo de atendimento deteriorou-se, com o pior registo para o período em análise: 364 segundos, seis minutos. Com a procura a diminuir 42% em dezembro, nas 548 mil chamadas recebidas, o número de chamadas perdidas baixou drasticamente, numa média de 18 por hora, contra 166 por hora em novembro.
De janeiro sabe-se que, até ao dia 17, já tinha sido ultrapassado o total de chamadas recebidas em dezembro. Com pico entre os dias 11 e 17 de janeiro: 279 279 contactos. O JN voltou a questionar os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, entidade gestora, sobre quantas chamadas foram recebidas e atendidas no mês passado, mas não obteve resposta em tempo útil.
Linhas autónomas
A Ordem dos Médicos já havia solicitado a autonomização das linhas face à 3.ª vaga que o país atravessa. Isto porque o SNS24 não é uma linha exclusiva covid, servindo todas as outras patologias (ler ao lado). Com o aumento da procura, o bastonário defendeu uma linha só para o SARS-CoV-2. Tanto mais que, "se não forem atendidas, vão parar às urgências", avisou.
Miguel Guimarães solicitou também à tutela os protocolos, admitindo a necessidade de serem revistos. Isto por, conforme explicou ao JN, ter conhecimento de, em situações covid idênticas, terem sido dadas orientações diferentes. Questionado sobre se admite autonomizar a linha e rever os protocolos, o Ministério da Saúde não se pronunciou em tempo útil.