As alegadas preferências dadas a doentes residentes no Hospital de Santa Maria à época do caso das gémeas foram apenas “uma opinião da Casa Civil”, esclareceu esta quinta-feira Marcelo Rebelo de Sousa, admitindo que nunca recebeu essa informação da instituição hospitalar.
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As comunicações feitas entre a Casa Civil da Presidência da República e Nuno Rebelo de Sousa, filho do presidente, a propósito do tratamento das gémeas, referiam que o Hospital de Santa Maria dava prioridade “aos casos que estejam a ser tratados nos hospitais portugueses”. Quem o revelou foi o presidente da República, a 4 de dezembro, mas agora esclareceu que essa alegação apenas “era a opinião da Casa Civil”: “Eu reproduzi aquilo que era uma posição tomada pela Casa Civil, não era eu”.
Recorde-se que quarta-feira, em entrevista à RTP, o ex-diretor clínico do Hospital de Santa Maria, Luís Pinheiro, desmentiu que existisse qualquer preferência dada a doentes que já estivessem a ser seguidos em hospitais portugueses: “Não havia, pelo menos do meu conhecimento, qualquer lista negativa de crianças a não tratar. Não tínhamos qualquer critério de prioridade que não fosse a necessidade”. O ex-diretor clínico assegurou ainda que “não há lista de espera” para esta doença, dada a sua raridade.
Esta tarde, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que a alegação sobre prioridades “não era informação” do hospital, mas sim resultante de um documento interno da Casa Civil que vertia só uma opinião: “Eu limitei-me a ler documentos internos, a posição da Casa Civil. E a posição da Casa Civil é uma posição de princípios, que é a de entender, na opinião dele, que deveria haver prioridade àqueles que estavam em Portugal, e só depois entrarem os outros”.
"Quem tem que esclarecer é quem está a investigar"
Marcelo Rebelo de Sousa foi ainda questionado sobre se já esclareceu o assunto com o seu filho, e respondeu que não: “Eu não tenho que esclarecer nada, quem tem que esclarecer é quem está a investigar. Ou conclui que há qualquer coisa que se passou bem ou qualquer coisa que se passou mal e depois eu reagirei em conformidade”.