O novo ministro da Cultura vai ser Luís Filipe Castro Mendes, atual representante de Portugal junto do Conselho da Europa em Estrasburgo.
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De acordo com informação avançada na página de internet da Presidência da República, Luís Filipe Castro Mendes toma posse na quinta-feira, dia 14, depois da deslocação do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa a Estrasburgo nos dias 12 e 13 de abril.
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Poeta ficcionista português, Luís Filipe Castro Mendes nasceu em 1950, em Idanha-a-Nova (Castelo Branco), distinguindo-se por uma vasta obra escrita e uma carreira diplomática em postos como Luanda, Paris ou Nova Deli.
O novo ministro da Cultura substitui na pasta João Soares que apresentou, na sexta-feira, a demissão das suas funções no Governo, invocando razões de solidariedade com o executivo.
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O pedido de demissão, aceite pelo primeiro-ministro, foi feito na sequência de ameaças aos comentadores Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente, do jornal "Público", e constitui a primeira 'baixa' do XXI Governo Constitucional, menos de cinco meses após a tomada de posse.
Um diplomata poeta
Licenciado em 1974 em Direito pela Universidade de Lisboa, o novo ministro da Cultura ingressou a partir de 1975 na carreira diplomática, tendo passado sucessivamente por Luanda, Madrid, Paris, Rio de Janeiro, Budapeste e Nova Deli.
Foi assessor de Melo Antunes no Ministério dos Negócios Estrangeiros e, mais tarde, do presidente Ramalho Eanes em 1983.
Em 2010, substituiu Manuel Maria Carrilho na UNESCO e em 2012 assumiu funções no Conselho da Europa.
Desde muito cedo, entre 1965 e 1967, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil.
A obra de Luís Filipe de Castro Mendes caracteriza-se por cultivar as formas clássicas e a musicalidade dos versos e enquadra-se numa estética pós-modernista.
Revela ainda um universo enigmático onde o fingimento e a sinceridade, o romântico e o clássico, a regra e o jogo o levam a uma das suas obras mais expressivas "O Jogo de Fazer Versos" (1994).
No seu livro de esteia "Recados" (1983), problematiza quer a relação entre o sujeito e a realidade pela impossível nomeação que inscreve a poesia entre a palavra e o silêncio quer a relação entre o eu e o outro, numa última parte composta por uma série de mensagens dirigidas a destinatários identificados pelo nome próprio.
É autor de "Correspondência Secreta" (1995), obra fundada sobre a invenção histórico-ficcional e sobre o exercício de paródia, reunindo uma série de textos (monólogos, cartas, poemas) atribuídos a figuras literárias, como Marquesa de Alorna, Filinto Elísio, Cavaleiro de Oliveira, entre outros) na charneira entre o classicismo e o pré-romantismo.
A obra de Luís Filipe Castro Mendes tem ainda como traço distintivo a capacidade de renovar as experiências de escrita.
"Areias Escuras" (1984), "Seis Elegias e Outros Poemas" (1985), galardoado com o prémio da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto, "A Ilha dos Mortos" (1991) e "Outras Canções" (1998) são ainda exemplos de outras obras deste autor.