Ativistas climáticos atingiram Luís Montenegro e Nuno Melo com tinta, esta quarta-feira de manhã. O presidente do PSD ficou com o rosto e a cabeça cobertos com tinta verde.
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"Uma brincadeira idiota de uns miúdos que não têm noção", afirmou Nuno Melo, durante uma visita que os candidatos da Aliança Democrática faziam à Bolsa de Turismo de Lisboa. "Um ato cobarde e infantil", criticou ainda.
"Pontaria não faltou", ironizou por sua vez o presidente do PSD. "Era mais fácil termos conversado", afirmou Luís Montenegro aos jornalistas, adiantanto que tem no programa que apresenta às legislativas um especial cuidado com medidas que visam trabalhar as questões ambientais. "Acho que era para isso que me queriam sensibilizar".
Recusando entrar em comentários sobre a possível instrumentalização dos ativistas, Montenegro explicou, de cabeça ainda coberta de tinta verde, que pretende manter a agenda que tem para mais um dia de campanha.
"Por mais tinta que me atirem, vou continuar a ser o mesmo, não me desvio da minha rota", garantiu Montenegro. Mais tarde, nas redes sociais, o líder do PSD recordou o anúncio que fez, durante os debates televisivos, de que o seu "Governo terá um Conselho de Ministros dedicado à transição climática e energética". "Por mais tinta que me atirem, continuarei a ser o mesmo", assegurou, vincando: "Estou focado em dar respostas aos problemas das pessoas e contribuir para termos um mundo e um País sustentável e equilibrado".
Depois do incidente, Luís Montenegro foi substituído pelo líder do CDS-PP, Nuno Melo, na visita da AD à Bolsa de Turismo de Lisboa. O presidente do PSD cancelou uma ação de rua que tinha prevista para o centro de Almada e retomou a agenda da campanha com um almoço com pescadores na Costa da Caparica.
Já sem vestígios da tinta verde que lhe derramaram para a cabeça, Montenegro chegou com um pequeno atraso ao almoço, onde anunciou que vai formalizar ainda hoje uma queixa contra o ativista que o atingiu com tinta verde. Questionado se está recuperado, o presidente do PSD respondeu que "parcialmente" e criticou a natureza do protesto.
"Para ambientalista, o protesto não foi muito amigo do ambiente, obrigou-me a estar mais de uma hora debaixo de água só para tirar do corpo, e do cabelo sobretudo, os resquícios da tinta utilizada", explicou. "Tenho a pele irritada no rosto e no pescoço, mas seguiremos", disse.
Fim ao Fóssil diz que partidos não têm planos adequados
O ataque com tinta foi reivindicado pelo movimento estudantil Fim ao Fóssil até 2030.
"Nenhum partido tem um plano adequado à realidade climática. Nenhum programa político prevê como vamos fazer a transição justa nos prazos da ciência", diz Vicente Magalhães, estudante e porta voz desta ação, num comunicado enviado às redações.
O artaque contra Montengro foi feito, justificam, porque "Este partido defende o sistema fóssil que coloca o lucro à frente da vida. Eles nunca vão resolver esta crise. Se respeitassem os jovens não estariam a condenar o nosso futuro em nome do lucro. "
Os estudantes prometem voltar e dizem que esta primavera "vão mobilizar estudantes nas escolas e interromper o funcionamento das instituições de poder que eles dizem estar 'a condenar o nosso futuro'".