Montenegro, o advogado, de Espinho, que “reanimou” o PSD.
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Assumiu a liderança do PSD, em julho de 2022, no congresso do Porto, depois da derrota de Rui Rio nas legislativas, com uma convicção: “Não são os eleitores que estão errados, somos nós que não conseguimos convencer”. E foi com base nessa perceção que Luís Montenegro se lançou à estrada. Primeiro, reaproximando o partido da liderança. Segundo, tentando “sentir” o pulso de Portugal.
Foi precisamente na estrada que Luís Montenegro passou o primeiro dia como líder do PSD. Rumou a Pedrógão Grande, para alertar para a importância de se preparar a época dos incêndios. E não mais parou.
Na campanha, lembrou frequentemente que visitou os 308 concelhos do país. E isso é-lhe reconhecido até pelos seus principais adversários internos. Montenegro conseguiu “reanimar” e “mobilizar” um PSD que estava “apagado”. Mas algo se revelou mais difícil, desde os primeiros momentos: convencer o país de que teria capacidades para ser primeiro-ministro.
“País está muito melhor”
A tarefa foi sobretudo dificultada por dois fatores: por não ter experiência de gestão e por estar demasiado colado à austeridade de Pedro Passos Coelho. Isto por ter sido o líder parlamentar do PSD, aquando do Governo da PàF. Cargo que ocupou até julho de 2017, por seis anos e três mandatos consecutivos. Ou seja, Montenegro saiu por limite de mandatos, sendo substituído por Hugo Soares, atual secretário-geral do PSD.
Foi precisamente enquanto líder parlamentar que Luís Montenegro, que foi deputado durante 16 anos (chegou ao Parlamento com 29 anos), proferiu a frase que o marcou durante a restante atividade política. Em entrevista ao JN, na véspera do 35.º congresso do PSD, em Lisboa, o advogado, natural do Porto mas sempre residente em Espinho, declarou: “A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor”.
“Sempre o mesmo”
Nascido a 16 de fevereiro de 1973, Luís Filipe Montenegro Cardoso de Morais Esteves, é um amante do desporto (jogou andebol, voleibol, fez ginástica e foi nadador-salvador) e um bom cozinheiro. Quem o conhece melhor, também sublinha a sua simplicidade, afabilidade e bom sentido de humor. “Sou sempre o mesmo”, repetiu numa campanha, em que “ocultou” o facto de ser um fervoroso portista.
Quem priva da sua intimidade confirma que o pequeno “ervilha” (com o era apelidado na infância) ainda existe no adulto Montenegro, que iniciou a atividade política na JSD (presidiu à JSD/Espinho entre 1994 e 1996) e no Poder Local. Foi vereador em Espinho, Autarquia a que concorreu em 2005, tendo sido derrotado pelo socialista José Mota.
Internamente, Montenegro foi um dos obreiros da vitória de Luís Filipe Menezes, na diretas de 2007 contra Marques Mendes. Em 2020, tentou derrubar Rui Rio da liderança do PSD e perdeu.