O presidente do PSD, Luís Montenegro, exigiu esta quinta-feira uma explicação de António Costa sobre a acusação de interferência política feita pelo ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Na Assembleia Política do Partido Popular Europeu (PPE), esta quinta-feira, em Lisboa, Montenegro defendeu que "a questão política não tem de esperar pelos tribunais".
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A reunião dos partidos do Centro-Direita europeu, em Lisboa, serviu para atacar o Governo português e a polémica do primeiro-ministro com o ex-governador do Banco de Portugal não foi esquecida por Luís Montenegro: "O primeiro-ministro limitou-se a negar essa intromissão e a remeter para processo judicial o dirimir desse diferendo. Uma coisa é o que o primeiro-ministro tem para dirimir com o ex-governador, isso podem fazer nos tribunais, mas há a questão política que não tem de esperar".
A alegada intromissão foi denunciada por Carlos Costa no livro "O Governador", em que revela que António Costa lhe telefonou em 2016 para que o Banco de Portugal não afastasse Isabel dos Santos do BIC. O primeiro-ministro nega.
Esta quinta-feira, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, adiantou que o PSD decidirá "nos próximos dias" se avança para uma comissão parlamentar de inquérito ao caso. A acontecer, o PSD avança sozinho e "não irá conversar com o Chega", que também já formalizou o pedido de uma comissão de inquérito.
Mais fiscalização ao PRR
No livro "O Governador", Carlos Costa revela que já estava a tratar da resolução do Banif com a Europa durante o processo de venda do banco. Algo que, para Montenegro, fez "com que o valor do banco tivesse caído de forma abrupta".
Luís Montenegro pediu "transparência e colaboração" às instituições europeias, sublinhando que o PPE não deve ser "o partido que colabora com os representantes de alguns Governos" que dizem uma coisa dentro de portas e outra em Bruxelas. Desafiou ainda a Comissão Europeia a fiscalizar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), nomeadamente se Portugal está a cumprir as reformas que diz estar a levar a cabo.
Montenegro não foi o único a criticar o PRR português. Antes, o líder do PPE, Manfred Weber, afirmou que o plano é "para compensar o défice e o orçamento nacional" e "não é esse o objetivo deste fundo".