Mãe das gémeas quebra silêncio e admite "conversas" no hospital sobre influência de Marcelo
A mãe das gémeas luso-brasileiras que sofrem de atrofia muscular espinhal e foram tratadas em Portugal refere que a família estava a "tentar encontrar o caminho que tinha de ser feito"."Era falado nos corredores do Santa Maria que eu tive alguma ajuda", admitiu Daniela Martins, em entrevista à RTP.
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"Foram distribuidos vários emails. Não me surpreendeu a consulta porque foi resultado de todos esses pedidos", acrescenta Daniela Martins. "Eu tinha a impressão que eles pudessem ter feito alguma requisição", mas os pedidos foram feitos "de maneira indireta", realça.
"Tinham emails para o hospital. O doutor José Paulo tinha mandado, encaminhado para uma secretária, não sei se era ministério, secretaria da saúde", conta a mãe das gémeas. "Nunca disse que tinha contatos com o doutor Nuno", salientou, referindo-se ao filho de Marcelo Rebelo de Sousa. Mas "era falado nos corredores do Santa Maria que tive alguma ajuda", admite ainda Daniela Martins.
As bebés - que conseguiram a nacionalidade portuguesa em 14 dias e depois foram tratadas com o Zolgensma (custa dois milhões por dose) - são filhas de amigos do filho do presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa admite ter recebido um email do filho a falar-lhe da situação, mas nega qualquer favorecimento ou pressão junto do Governo ou do hospital.
A Inspeção-Geral de Atividades em Saúde abriu um processo a 6 de novembro. No dia 24 do mesmo mês, a Procuradoria-Geral da República informou que corre investigação “contra pessoa determinada”. A 11 de dezembro, o bastonário da Ordem dos Médicos remeteu para o Conselho Disciplinar “um pedido de averiguações” à atuação dos médicos envolvidos.
A auditoria interna realizada pelo hospital concluiu que a primeira consulta para as crianças foi marcada através de um pedido da secretaria de Estado da Saúde, através de chamada telefónica.