A entrega forçada dos bebés, nos Países Baixos entre 1956 e 1984, era feita por se tratarem de mães solteiras que, tendo engravidado fora do casamento, desafiavam normas sociais estipuladas relativamente à moralidade e ao “bom comportamento”.
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Estima-se que entre 13 a 14 mil mulheres solteiras neerlandesas terão sido forçadas, entre 1956 e 1984, a entregar os seus filhos para a adoção por terem engravidado fora do casamento.
O relatório levado a cabo por uma comissão independente dos Países Baixos, que ouviu testemunhos de duas centenas de crianças, perto de 50 mães biológicas e 15 pais adotivos, reconhece que as progenitoras “que entregaram os seus bebés para adoção não o fizeram voluntariamente”, tendo-lhes causado “danos graves”, pelo que merecem “reconhecimento e apoio”.
A entrega forçada era feita por se tratarem de mães solteiras que, tendo engravidado fora do casamento, iam contra a pressão das entidades e das normas sociais estipuladas relativamente à moralidade e ao “bom comportamento”. O relatório Dano pela Vergonha, avançado pela agenda espanhola Efe, indica que as mulheres e raparigas grávidas “tinham pouca ou nenhuma voz, muito menos controlo sobre a situação”. Tratava-se de um “problema” que precisava de resolução imediata, como especifica agora o documento de quase 500 páginas, produzido pela Comissão de Inquérito sobre a Entrega Voluntária e Adopção Doméstica, e que pode ser consultado no original aqui.
“A infância fora do casamento era considerada irresponsável e acreditava-se que o melhor para a criança era crescer numa família com um pai e uma mãe casados”, relata agora a entidade.
Esta Comissão, criada pela Ministério da Justiça e Segurança, em 2022, explica que os danos causados a estas mulheres são ainda visíveis, pelo que recomendam ajuda psicológica profissional às mães que foram obrigadas a dar os seus bebés. Os filhos dados para a adoção devem ter acesso a informação que lhes indique a família de origem.