Instituições abriram mais lugares em cursos na área de tecnologias de informação e com médias de acesso acima dos 17 valores.
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Veja aqui as vagas de acesso ao Ensino Superior - 1ª fase
Mais 548 vagas - um aumento de 1% face a 2019 - que é o maior desde 2015 (quando abriram mais 853) graças ao acréscimo da área digital e ao reforço nos cursos com médias de ingresso superior a 17 valores. No total, os estudantes vão poder candidatar-se a 52129 lugares (51408 através do concurso nacional e 721 pelos concursos locais).
Os cursos ligados às tecnologias de informação passam de 8036 para 8263 vagas - mais 227 lugares, 130 em instituições localizadas em regiões de menor pressão demográfica, como o politécnico de Castelo Branco ou de Viana do Castelo. As instituições de Lisboa e Porto abrem mais 96 vagas nesta área.
Já as 244 vagas criadas pelo índice de excelência são nas universidades do Porto (115), Lisboa (74) e Nova de Lisboa (50), sendo os cursos de Gestão, Engenharia Mecânica ou Engenharia Informática e Computação os mais reforçados.
As universidades do Porto e Nova de Lisboa são, aliás, as duas instituições que ganham mais novas vagas (142 e 79 respetivamente). Apesar de terem limitações, o reforço do índice de excelência permitiu, este ano, a recuperação de 229 lugares.
As 16 instituições localizadas em zonas de menor pressão demográfica conseguiram mais 262. Ministro e presidentes dos conselhos de reitores (CRUP) e dos politécnicos (CCISP) garantem que o balanço é positivo e que o sistema está mais coeso e equilibrado do que em 2017.
"É certo que Lisboa e Porto recuperam vagas mas só num número residual de cursos", admite Pedro Dominguinhos, sublinhando que as instituições do Interior também aumentam vagas e contribuíram para o acréscimo na área das tecnologias de informação. Para o presidente do CCISP, o índice de excelência devia ser revisto e passar a ser calculado com base nas colocações e não candidaturas.
"É fundamental manter-se a rede coesa e dispersa pelo território", frisa Fontainhas Fernandes, presidente do CRUP, que considera que o reforço da investigação fora de Lisboa e Porto tem contribuído para credibilizar as instituições e captar mais estudantes.
Desde 2017, Lisboa e Porto perderam 825 vagas (só a Universidade de Lisboa perdeu 413 lugares e o Porto 12) e as instituições em zonas deprimidas ganharam 973.
Medicina sem reforço
O despacho de fixação de vagas permitia o reforço até 15% das vagas mas as sete instituições com mestrados integrados em Medicina mantiveram exatamente o mesmo número de lugares, correspondendo ao apelo da Ordem dos Médicos. "É uma decisão que respeito", apesar de ser uma área que deve abrir mais vagas, assumiu ao JN Manuel Heitor.
Os mestrados integrados em Medicina estão, ainda assim, entre os cursos com mais vagas, a par de Direito, Enfermagem, Gestão e Engenharia Eletrónica e de Computadores.
Vinte e três cursos não abriram vagas este ano, por exemplo, Arquitetura no ISCTE, Engenharia Civil na UBI, Geologia em Évora ou Ciências do Mar nos Açores. O concurso arranca a 7 de agosto.
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Calendário
A primeira fase de candidaturas é entre 7 a 23 de agosto e as colocações saem a 28 de setembro. A segunda fase decorrerá até 9 de outubro e a terceira entre 22 e 26 de outubro.
Médias mais altas
Os cursos com médias mais altas têm mais 42 vagas: Engenharia Física e Tecnológica e Engenharia Aeroespacial (do Instituto Superior Técnicos) terão 83 e 110 (mais 14 e 18 lugares) e Bioengenharia (Porto) terá 76 vagas (mais 10).
Concursos locais
Este ano, há 721 vagas (mais 19) que serão preenchidas por concursos locais para cursos de Música, Teatro, Cinema ou Dança.
Entrevista
Previsto reforço na Ação Social
As universidades do Porto e Nova de Lisboa foram as que mais vagas ganharam. O índice de excelência pode anular o reforço de lugares no Interior?
De forma alguma. Estamos a tentar equilibrar o aumento de vagas nos cursos de maior procura e no Interior.
Sistema está mais coeso?
Mais coeso e de maior dimensão. Tivemos, pela primeira vez, metade dos jovens com 20 anos no Superior. A meta é chegar a 60%.
A crise socioeconómica pode roubar candidatos?
Antes pelo contrário. Estas épocas de crise são particularmente mobilizadoras e não podemos repetir o que se passou no passado em que houve grande apetência do mercado de trabalho por baixas qualificações.
A ação Social será reforçada no próximo ano letivo?
Sabemos que o aumento de estudantes está sempre dependente da Ação Social. A verba reflete os rendimentos das famílias e o número de estudantes pelo que, face à entrada de jovens via ensino profissional, vamos ter necessariamente um aumento no próximo ano.
Todos os cursos vão retomar as aulas presenciais?
Não pode ser de outra forma. O ensino só pode ser presencial. As instituições têm autonomia mas só podem funcionar nas condições para as quais os cursos foram acreditados.
Manuel Heitor
Ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior