Metade dos utentes concorda com o protesto. Um quinto responsabiliza os sindicatos pela atual crise e 12% apontam os médicos. Quase 30% ligam SNS24 em caso de doença súbita, mas muitos ainda vão diretos à urgência.
Corpo do artigo
Depois de mais de 16 meses de negociações sem acordo entre médicos e Ministério da Saúde, com várias greves pelo meio e um protesto contra as horas extra que está a fechar vários serviços de urgência, os portugueses culpam o Governo pelo arrastar do conflito e tendem a concordar com os protestos dos médicos. Más notícias para o ministro Manuel Pizarro, que amanhã terá mais uma oportunidade para se entender com a classe, de forma a evitar o “novembro dramático” prognosticado pelo diretor-executivo do SNS.
Um total de 61% dos inquiridos na sondagem JN/ /DN/TSF sobre a Saúde e a crise dos médicos consideram que o Executivo de António Costa é o maior responsável pelo arrastar do conflito. Outros 20% culpam os sindicatos e 12% responsabilizam os médicos.
São as mulheres, os jovens adultos (18-34), as classes mais favorecidas e os utentes que nas últimas legislativas votaram nos partidos da Direita (PSD, Iniciativa Liberal, Chega e CDS) que mais responsabilizam o Governo pela interminável contenda. Por outro lado, há mais homens e mais idosos (maiores de 65 anos) a culpar os sindicatos pelo conflito. Os inquiridos com maiores dificuldades socioeconómicas são os que mais apontam o dedo aos médicos.
Com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) num turbilhão, os portugueses dão a mão aos sindicatos e aos médicos. Metade dos utentes concorda ou concorda totalmente com o prolongamento dos protestos daqueles profissionais até que haja um acordo com o Governo. Do outro lado, 31% discordam ou discordam totalmente e 18% não concordam nem discordam.
A escolha da urgência
Dias depois de o primeiro-ministro ir ao Porto pedir aos portugueses que liguem ao SNS24 em vez de irem pelo próprio pé à urgência, eis que a maior parte dos portugueses mostra que já sabe o que fazer, embora um quarto ainda prefira o hospital. Inquiridos sobre qual seria a primeira escolha perante um problema de saúde imediato, 29% responderam que usariam a linha SNS24, 26% optariam por dirigir-se à urgência de um hospital público e 22% pela urgência de um hospital privado. Como quarta opção surge o centro de saúde (solução para apenas 19% dos portugueses) e no final o consultório privado (4%).
Olhando à residência dos inquiridos, notam-se comportamentos diferentes. Os utentes da Área Metropolitana do Porto, da região Centro e do Sul de Portugal e ilhas são os que mais escolhem a linha SNS24 como primeira opção em caso de doença súbita.´ Para os da região Norte e da Área Metropolitana de Lisboa, a linha é uma segunda opção. No Norte, os utentes escolhem ir a uma urgência do hospital público em primeiro lugar e em Lisboa a primeira opção é a urgência privada. Refira-se ainda que os cidadãos do Centro foram os que mais escolheram a opção centro de saúde (em segundo lugar após o SNS24).
O nível socioeconómico dos inquiridos também influencia as opções. Os mais desfavorecidos colocam a urgência do hospital público em primeiro lugar, seguido do centro de saúde e só a seguir o SNS24. Entre os mais favorecidos, a linha está no topo das escolhas, seguida da urgência privada, da urgência pública e só depois do centro de saúde.
No que respeita a género, há mais homens do que mulheres a ligar primeiro para o SNS24.
Satisfação
Com médicos
Dos 805 inquiridos, 43% recorreram, nos últimos três meses, a nível pessoal ou com um familiar às urgências do SNS. Dos que usaram estes serviços, 33% registaram um grau de satisfação pequeno (15%) ou muito pequeno (18%) com os cuidados médicos prestados. Para 35%, foi médio e, para 31%, muito grande ou grande.
Atendimento geral
Quanto à satisfação com o atendimento global na urgência, para 34%, foi pequeno ou muito pequeno, para 33%, foi médio e, para 32%, grande ou muito grande.