Há 1,67 milhões a descoberto, o número mais alto do ano. Mesmo sem novos inscritos, cenário estaria a agravar-se.
Corpo do artigo
O número de pessoas sem médico de família não pára de aumentar em 2025, assim como o número de inscritos nos centros de saúde. Mas o ritmo de crescimento dos utentes sem cobertura está a ser superior ao dos novos inscritos. O que significa que, mesmo sem novos residentes, o problema estaria a agravar-se.
Em junho, o número de utentes sem médico de família atingiu novo recorde do ano, com 1.669.695 pessoas a descoberto, mais 24 886 do que em maio (1,5%), segundo os últimos dados do Portal do SNS. Face a junho de 2024, o número de utentes sem médico aumentou 4%, ascendendo a 64 738.
Comparativamente, em junho, estavam inscritos nos cuidados de saúde primários 10.601.790 utentes, mais 21 939 do que em maio (0,2%). Face a junho de 2024, registou-se um aumento de 206 759 inscritos (2%).
De janeiro a junho deste ano, observa-se um acréscimo de 105 493 utentes sem médico de família contra 86 862 novos inscritos nos centros de saúde. Ou seja, as novas inscrições nos cuidados primários estão a piorar o cenário, mas não são a única causa da falta de médicos de família no país.
Refira-se que, todos os anos, há centenas de especialistas em Medicina Geral e Familiar que se aposentam e outros que decidem sair para o privado ou estrangeiro. E as saídas não têm sido compensadas com novas entradas.
Concursos ficam aquém
Em 2024, o concurso da época normal para recrutar médicos para os centros de saúde ficou sob responsabilidade das unidades locais de saúde (ULS) e correu mal (255 vagas ocupadas) - como a própria ministra da Saúde admitiu-, mas este ano voltou a ser centralizado e não teve melhores resultados.
Das 585 vagas abertas em abril, apenas 231 tiveram interessados. Seguiu-se o período de assinatura dos contratos e a oportunidade das ULS poderem preencher as vagas sobrantes por contratação direta, mas os números finais ainda não foram divulgados pela Administração Central do Sistema de Saúde.
SABER MAIS
Escassez em Lisboa
A região de Lisboa e Vale do Tejo somava em junho 1.130.229 utentes sem médico de família, o que corresponde a 68% do total, segundo dados do Portal do SNS.
Outras regiões
Em junho, a região Centro tinha 218 178 utentes sem médico, o Norte 121 828, o Algarve 110 285 e o Alentejo 89 175.