A ex-deputada do PAN Bebiana Cunha apresentou a demissão do cargo de membro da Comissão Política Permanente (CPP), sem adiantar os motivos da saída. Ao JN, a antiga deputada municipal no Porto negou que esteja a ponderar abandonar o partido.
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É mais uma baixa no PAN. Bebiana Cunha até participou na campanha eleitoral do PAN nas últimas legislativas ao lado de Inês Sousa Real, tendo sido mandatária pelo Porto, mas acabou por decidir abandonar a CPP. Contactada pelo JN este sábado, Bebiana Cunha confirmou a decisao, mas recusou-se a adiantar quais os motivos para o ter feito.
"O caminho de uma só pessoa que o partido está a seguir” será uma das razões para a antiga deputada municipal do Porto ter decidido sair da Comissão Política Permanente, avançou fonte próxima da ex-deputada.
O seu marido, Albano Lemos Pires, que integrava a Comissão Política Nacional (CPN) do PAN, decidiu abandonar o partido.
Anabela Castro, cabeça de lista do PAN pelo Porto, também era apontada como podendo afastar-se, mas ao JN negou peremptoriamente essa hipótese. "O partido PAN é o meu partido, eu gosto do meu partido, acredito no meu partido e valorizo tudo aquilo que o PAN defende", vinca. "As decisões em relação à desfiliação nunca se puseram na minha cabeça", agarantiu este sábado.
Confrontada pelo JN, fonte oficial da direção do PAN afirmou que decisões como a de Bebiana Cunha de deixar a comissão política “são decisões individuais que devemos obviamente respeitar. O PAN e esta direção continuam empenhados em continuar a fazer o partido crescer eleitoralmente, a receber novos filiados e simpatizantes e a ser uma voz moderada, animalista, ambientalista e humanista na política portuguesa”. A direção salienta, contudo, que Bebiana Cunha não saiu do partido.
Nas eleições de 10 de março, o PAN falhou a eleição no distrito do Porto, uma aposta forte durante a campanha eleitoral e onde foi possível ver Inês de Sousa Real e Bebiana Cunha lado a lado. No entanto, Bebiana Cunha já não encabeçou a lista de candidatos, depois de ter sido a número um em 2022. A porta-voz do PAN voltou a ser a única deputada eleita. Durante a noite eleitoral, Bebiana Cunha admitiu que o resultado foi “bastante frustrante”, mas não impeditivo de continuar o trabalho nas “causas que o partido defende”.
Além de ocupar um lugar na Comissão Política Nacional, Bebiana Cunha foi eleita deputada nas eleições legislativas de 2019 e líder parlamentar no PAN.
André Silva desfiliou-se do partido antes da campanha
O descontentamento interno não é novo. Nos últimos dias, o deputado municipal do PAN em Mafra, Ricardo Vicente, Rui Alvarenga, ex-deputado municipal do PAN em Mafra, e Sandra Enteiriço, membro da Comissão Nacional Potítica, também desfiliaram-se do partido.
O sinal mais claro de divisão e desacordo com Inês Sousa Real foi dado pelo ex-líder André Silva que, antes do início da campanha eleitoral, anunciou a desfiliação alegando que o partido “perdeu a coluna vertebral” ao apoiar o Governo Regional da Madeira.
Na Madeira, o porta-voz regional do PAN, Joaquim Sousa, pediu a demissão de Inês Sousa Real por “ilegalidades estatutárias" e por participar na tentativa de condicionar a Comissão Política Regional. A Comissão Política Nacional decidiu suspender com efeitos imediatos o dirigente e desencadear um inquérito disciplinar por ter colocado “em causa o bom nome” do partido. Recorde-se que a número dois da estrutura regional do partido, Mariana Freitas, acabou por o substituir no cargo de porta-voz, conseguindo a eleição para o Parlamento Regional da Madeira.
O PAN participou pela primeira vez nas eleições legislativas em 2011, sem conseguir eleger deputados. Entrou pela primeira vez no Parlamento em 2015. E conseguiu o seu melhor resultado em 2019, quando elegeu um grupo parlamentar com quatro deputados. Em 2022, sofreu uma pesada derrota ao só conseguir eleger Inês Sousa Real em Lisboa. Resultado que repetiu em 2024.