A linha SNS 24 está a receber, em média, mais de 1400 chamadas por dia por causa do Covid-19.
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Desde 20 de janeiro, quando a Comissão Nacional de Saúde da China anunciou que o vírus passava de animais para humanos, até anteontem, a linha do Serviço Nacional de Saúde (SNS) atendeu 56 375 casos relacionados com este surto. No dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aumentou para "muito elevado" o nível da ameaça do Covid-19, Portugal contava com 59 casos suspeitos, dos quais 57 deram negativo.
Os utentes procuram também o site desta linha. Segundo dados fornecidos ao JN pelo Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), desde 25 de janeiro houve mais de 340 mil acessos aos conteúdos informativos sobre o Covid-19. Já a maioria das pessoas que procurou a linha apresentava sintomas suspeitos, tendo sido validados 105 casos.
Esta procura, com um pico no início da semana coincidente com o impacto do Covid-19 em Itália, levou a Direção-Geral da Saúde (DGS) a anunciar um reforço das linhas de apoio, quer da SNS24, quer da Linha Apoio ao Médico - criada para validar os casos suspeitos e que tem neste momento uma centena médicos em formação.
Medo das ligações aéreas
"Na Linha de Apoio Médico, houve picos de afluência, que muitas vezes coincidiam com chegada de aviões [a Portugal]. Houve uma resposta que não foi a ótima. Mas reforçámos a linha prevendo que possam haver novos focos na Europa", explicou, Graça Freitas, em conferência de Imprensa.
A diretora-geral garantiu que o INEM tem ambulâncias suficientes para cobrir todo o país e que uma segunda linha de hospitais já está definida, totalizando mais de 2000 camas de internamento e 300 camas de pressão negativa [ler texto ao lado].
"Praticamente de um dia para o outro, esta situação em Itália foi explosiva", disse a responsável da DGS, que defendeu a atuação do Centro de Saúde de Cantanhede, que anteontem manteve isolada numa casa de banho uma mulher por suspeita de coronavírus. "Fizeram o que se achou que deveriam fazer. Não foi por mal", apontou.
Sete casos em 24 horas
Dos 59 casos suspeitos, apenas dois aguardavam resultados das análises ao fecho desta edição. Só entre quinta e sexta-feira, houve sete novos casos suspeitos (nas 24 horas anteriores, tinham sido 27). No SNS 24, de acordo com os SPMS, o maior afluxo à linha foi de terça para quarta-feira: 6995 chamadas, quando a média é de pouco mais de 3000.
Quanto aos portugueses no Japão, tripulantes do cruzeiro Diamond Princess, Graça Freitas confirmou um segundo infetado, mas recusou dar mais informações porque esse cidadão pediu anonimato sobre a situação. A diretora-geral elogiou ainda a comunidade chinesa em Portugal, que promoveu autoquarentena de dezenas de pessoas. v