Mais de 195 mil consumidores pediram para trocar do mercado liberalizado de gás natural para a tarifa regulada desde setembro do ano passado, altura em que entrou em vigor o decreto-lei do Governo que permite a mudança para fazer face à escalada dos preços da energia. Trata-se, em média, de 32 590 pedidos todos os meses ao longo do último meio ano. A esmagadora maioria dos requerimentos, de acordo com a Agência para a Energia (ADENE), foram submetidos por consumidores singulares (97,5%).
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Garantindo que o mercado regulado do gás continua a ser a opção mais vantajosa para os consumidores, a Deco Proteste vê com alguma "surpresa" o número "baixo" de pedidos para aderir à tarifa. Segundo com Pedro Silva, especialista da área de energia da Deco Proteste, em março do ano passado, existiam cerca de 1,3 milhões de consumidores do mercado liberalizado do gás. Os consumidores que optam por se manter no mercado liberalizado, explicou ao JN o especialista, podem, em alguns casos, estar a pagar o dobro do que iriam pagar se passassem para a tarifa regulada.
Pedro Silva dá um exemplo: uma família de quatro pessoas e com um consumo anual de 320 metros cúbicos paga, em média, 27,76 euros por mês no mercado regulado do gás. No mercado liberalizado, a fatura mais próxima ronda os 49,37 euros.
"Na generalidade dos contratos, é possível poupar cerca de metade da fatura mudando para a tarifa regulado do gás natural", referiu o especialista da Deco Proteste, recordando que a mudança é "fácil", "não tem custos" e o pedido pode ser feito online.
"É importante dizer que, neste momento, é possível voltar à tarifa regulada e, se as tarifas liberalizadas voltarem a ser competitivas, mudar de novo", frisou.
Consumo diminuiu
Segundo a ADENE, entre setembro do ano passado e o início de março deste ano, 195 540 consumidores pediram para trocar o mercado liberalizado do gás pela tarifa regulada. Cerca de 193 848 dos pedidos encontram-se concluídos. A liderar o top das cinco empresas com mais pedidos está a EDP Gás (65 930). Seguem-se a Lisboagás (51 606), a Lusitaniagás (32 557), a Setgas (17 096) e a Beiragás (10 051). O tempo médio entre a execução dos pedidos e a ativação do contrato, garante a ADENE, ronda os 3,5 dias.
Em Portugal, o consumo de gás tem vindo a diminuir. Segundo o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, entre agosto do ano passado e janeiro deste ano, o consumo caiu 16,7% face à "média histórica dos últimos cinco períodos homólogos". A "redução foi mais acentuada na vertente de consumo convencional", ou seja, nos setores doméstico, indústria e serviços (incluindo a Administração Pública). A redução nestes setores rondou os 23,4%, "em resultado do aumento do preço do gás e da redução da procura".
Já na componente de consumo para produção de energia elétrica, através das centrais termoelétricas, também se registou uma redução de 6,5%. O valor, explicou o gabinete de Duarte Cordeiro, "está fortemente influenciado pela seca severa registada em 2022".
"O aumento da pluviosidade e, por conseguinte, da produção hidroelétrica (tendo como referência um ano médio), contribuiria para que a redução fosse mais acentuada", disse o ministério do Ambiente.
Quem pode mudar?
A mudança para o mercado regulado do gás é uma possibilidade para todos os clientes com consumos anuais inferiores ou iguais a 10 mil metros cúbicos. A medida entrou em vigor a 7 de setembro do ano passado e vai durar 12 meses.
Simulação online
A Deco Proteste disponibiliza, no seu site, um simulador para que os consumidores possam calcular qual a poupança que iriam ter com a passagem para o mercado regulado do gás.
Mantêm operador
De acordo com um estudo publicado pela Deco Proteste em 2022, cerca de 80% dos consumidores têm o mesmo operador de gás natural há três ou mais anos.