Na primeira fase do concurso especial de acesso ao Ensino Superior para estudantes do ensino profissional e artístico foram colocados 753 estudantes.
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Nos dados enviados ao JN, a Direção-Geral do Ensino Superior não revela as médias de ingresso, mas estes alunos entraram em quase 500 cursos, alguns concorridos e com médias superiores a 14 valores no concurso nacional, como Engenharia Informática (16,72) ou Engenharia Mecânica e Automóvel (15,22) do Politécnico do Porto.
A instituição que mais estudantes colocou por esta via foi o Instituto Politécnico do Porto (131), tendo sido também a que abriu mais vagas (340) e mais candidatos recebeu (449). Apenas o IPP e o Politécnico de Setúbal tiveram mais procura do que as vagas que abriram. E só no Porto todos os colocados se inscreveram.
"Nunca esperei mais de 400 ou 500 colocados na primeira fase e foram quase mais 50%. Este será, no entanto, um processo gradual", sublinha ao JN o ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, Manuel Heitor, recordando que os cursos técnicos de dois anos (TESP) quando foram criados, em 2005, também arrancaram com um número muito inferior aos mais de nove mil estudantes colocados este ano.
Para este primeiro concurso foram criadas mais de 2600 vagas, candidataram-se 889 alunos e, dos 753 colocados, inscreveram-se 641. O número vai caindo mas o ministro garante que "é uma aposta ganha". A estimativa de Manuel Heitor é que, após a segunda fase do concurso, entrem 800 a 850 estudantes através desta nova via de acesso.
Sete universidades
Engenharia Eletrónica e de Computadores, Engenharia Informática, Educação Básica, Engenharia Mecânica, Gestão de Empresas, Enfermagem, Fisioterapia, Multimédia ou Desporto são alguns dos cursos com mais colocados. De acordo com os dados da DGES, 120 alunos entraram em universidades e 633 em politécnicos.
Das sete universidades que abriram vagas (Açores, Madeira, Trás-os-Montes, Évora, Algarve, ISCTE e Porto, que abriu 7 vagas no curso de Educação Básica que ficaram desertas), a do Algarve foi a que mais alunos colocou: 54. Manuel Heitor considera que o concurso não tem de ser aberto por todas. "Depende da estratégia de cada instituição".
40% de negativas
Mais de 1800 alunos fizeram as provas de ingresso feitas pelas instituições, cerca de 40% tiveram negativa e não puderam concorrer. Uma percentagem elevada que, ainda assim, o ministro considera "normal" porque muitos dos cursos profissionais eram até agora orientados para o mercado de trabalho e não para o Ensino Superior. "Era uma orientação política" agora contrariada. Ainda assim, frisou, "estes estudantes tiveram a capacidade de entrar nos mais diversos cursos, em cerca de 490".
Os alunos do Profissional podem concorrer ao Superior pelo concurso nacional mas, nesse caso, têm de fazer os exames dos cursos científico-humanísticos. O concurso especial foi criado para abrir mais uma via de acesso e eliminar uma desigualdade.
Até 2030, metade dos alunos que concluírem o Secundário serão destas vias de ensino pelo que, para se aumentar o número de estudantes no Superior, terá de ser através deles. Manuel Heitor afirma, por isso, não ter "qualquer dúvida" que este novo concurso contribuirá para o país atingir a meta de se ter 6 em cada 10 jovens de 20 anos no Superior. v