A Federação Nacional dos Médicos garante que mais de dois mil clínicos já entregaram declarações de indisponibilidade para fazerem mais do que as 150 horas extra anuais obrigatórias por lei. Acusa, ainda, o primeiro-ministro de se somar "à incompetência" do ministro da Saúde. Haverá greves em outubro e novembro.
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"Na entrevista que deu ao país, António Costa, sem nada a acrescentar, somou-se à incompetência e à irresponsabilidade de Manuel Pizarro, sendo que ambos são, neste momento, os grandes responsáveis pela situação caótica que se vive no SNS", lê-se num comunicado da Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
A estrutura sindical frisa que, "ao contrário do que Manuel Pizarro e António Costa insinuam com a sua propaganda", os médicos "já fizeram este ano este ano muito mais do que 150 horas extraordinárias" previstas na lei. E exemplifica que há clínicos que realizaram "500, 600, 700 horas extraordinárias".
"Não é possível manter o SNS refém de trabalho suplementar. Não pode ser esta a grande reforma pretendida para o SNS", sublinha a FNAM, dando nota de que "as unidades de saúde e os hospitais mais periféricos" foram os "primeiros a sentir os efeitos da falta de médicos".
Até ao momento, revela a FNAM, seis serviços de urgência já enfrentaram encerramentos. São eles: Barcelos, Caldas da Rainha, Chaves, Guarda, Santarém e Tomar. Há, também, "serviços de urgência fortemente condicionados e com equipas insuficientes". É o caso de Almada, Amadora, Aveiro, Barcelos, Barreiro, Braga, Bragança, Caldas da Rainha, Famalicão, Figueira da Foz, Lamego, Leiria, Lisboa, Matosinhos, Penafiel, Ponte de Lima, Porto, Póvoa de Varzim, Portalegre, Portimão, Santa Maria da Feira, Tomar, Torres Vedras, Viana do Castelo, Vila Nova de Gaia, Vila Real e Viseu além de Barcelos, Caldas da Rainha, Chaves, Guarda, Santarém e Tomar.
A federação adverte que, a este cenário, acrescem as dificuldades nas maternidades: "Com as urgências do Hospital de Santa Maria e do Hospital das Caldas da Rainha encerradas para obras, há condicionamentos graves em Almada, Amadora, Aveiro, Barreiro, Caldas, Leiria, Loures, Santarém, Setúbal, Vila Franca de Xira", lê-se no comunicado.
A FNAM alerta que "a situação vai ficar ainda mais difícil em novembro, uma vez que parte significativa dos médicos entregaram as suas declarações em outubro", nomeadamente em hospitais de referência como o Hospital Santa Maria, em Lisboa, os Hospitais de Santo António e de São João, no Porto, e o Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra.