Mais de mil casos de mutilação genital feminina detetados em Portugal em 10 anos
Em 2023 foram sinalizados 223 situações, elevando para 1076 o número de casos identificados numa década, revela a Direção-Geral de Saúde (DGS), no momento em que se evoca o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina. A explicação pode estar no aumento do número de migrantes permanentes.
Corpo do artigo
São mulheres, estão em Portugal, foram vítimas de mutilação genital feminina (MGF) e a prática foi identificada quando tinham, em média, 29 anos. Só no ano passado foram detetados e reportados 223 casos da prática deste crime, elevando para 1076 o número de casos notificados numa década. Em causa está a remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos femininos e quando as meninas são ainda muito pequenas. Excisões que são sinalizadas anos depois, “muitas vezes, quando as mulheres acabam por ter de ir ao médico por situações de maternidade e obstétricas”, como aponta a presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), Sandra Ribeiro.
Se em 2023 o valor de identificação foi o mais elevado desde que há registos (é feito desde 2014), são mais 33 casos referenciados do que em 2022. Os dados são avançados pela Direção-Geral de Saúde (DGS), no momento em que se evoca o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, e indicam que este acréscimo, sobretudo depois de 2020 (650), “poderá estar relacionado com o aumento do número de migrantes permanentes em Portugal, especialmente os oriundos de países onde a prevalência da MGF é elevada”, refere fonte oficial. A mesma autoridade vinca que “a formação pós-graduada na área da MGF, cuja última edição decorreu em 2022, contribuiu para uma maior sensibilização dos profissionais de saúde para esta temática e para a necessidade de efetuar os registos, podendo também impactar o número”.