1097 reclusos votaram para as legislativas. A maioria dos votantes registou-se em estabelecimentos prisionais do norte do país, de acordo com os dados fornecidos, ao JN, pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP).
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Do conjunto das 49 prisões no continente e nas ilhas, 1155 reclusos de 46 cadeias terão manifestado intenção de votar antecipadamente, nos dias 21 e 22 de setembro.
Votaram depois 1097, um número que corresponde a 7,7% da população prisional, constituída por pouco mais de 14 mil presos - dos quais 20% são estrangeiros.
As cadeias de Paços Ferreira, Izeda (Bragança), Braga, Ponta Delgada, Pinheiro da Cruz e de Lisboa concentraram mais de 55% dos votantes. Ainda segundo a DGRSP, 42% dos reclusos que votaram em todo o país encontram-se somente em três prisões.
Quanto ao universo dos 865 cidadãos a quem foi aplicada uma pulseira eletrónica, 40 foram autorizados por tribunais de execução de penas a deslocarem-se às mesas de voto. Sob vigilância eletrónica estão todos aqueles que cumprem uma pena de prisão circunscrita à habitação, suspeitos e condenados por violência doméstica, quem está em liberdade condicional ou tem como medida de coação a obrigação de permanecer na habitação.
Para a Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR), estes "números são muitos mais elevados que os habituais". "Onde houve mais votantes foi onde os reclusos fizeram força para poder exercer o seu direito de voto. Continuamos a lamentar que a Comissão Nacional de Eleições e os Serviços de Educação prisionais não incentivem a participação dos reclusos", aponta Vítor Ilharco, da APAR.
"No caso de Paços de Ferreira, levantaram muitos obstáculos. E nos estabelecimentos mais pequenos, que albergam entre 5000 a 7000 presos, não há quase nenhuma informação e quando há, os cartazes de divulgação dos sufrágios são afixados tarde, motivando a desistência dos reclusos", acrescenta o dirigente, que sublinha "o peso que a participação cívica dos reclusos representa na reabilitação dos mesmos".