A Provedora de Justiça, Maria Lúcia Amaral, alerta para a crescente falta de respostas sociais sentidas pelos mais velhos para conseguirem alojamento em lares e para a escassez de apoio domiciliário. Um problema "que se tem agravado nos últimos anos" e que, este ano, motivou 165 pedidos de ajuda.
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Até setembro de 2022, a Linha do Idoso, criada há 23 anos, registou 1239 pedidos de ajuda. Cerca de 75% das chamadas foram encaminhadas para os serviços competentes. No entanto, nem todas as situações foram resolvidas. Os casos em que há necessidade de integração numa Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) com o apoio da Segurança Social têm sido cada vez mais difíceis de solucionar.
A Provedora acredita que este problema resulta do "progressivo envelhecimento da população portuguesa e da escassez da resposta social de ERPI, apoiada pela Segurança Social, face à procura". Acrescenta que existe falta de respostas para dar apoio à população mais velha e fragilizada, que se encontre no domicílio e tenha necessidades para além das que são abrangidas pelo Serviço de Apoio Domiciliário.
A maioria das situações reportadas à Linha do Idoso são resolvidas, com exceção dos casos relativos à integração de idosos em alojamentos coletivos (ERPI) que dependem sempre da situação concreta, da capacidade de cada instituição e dos critérios de admissão. Nos casos em que se conclui que seriam necessárias outras diligências, a linha propõe a abertura de um processo na Provedoria de Justiça.
114 casos de maus tratos
Houve 165 chamadas este ano relacionados com respostas sociais. No entanto, tal como em 2021, os pedidos relacionados com saúde já são 167, superando os pedidos de respostas sociais.
A maioria está relacionada com problemas sobre o funcionamento e atendimento das unidades de saúde familiar e hospitais, o acesso à rede nacional de cuidados continuados integrados, o transporte não urgente de doentes, demências e saúde mental e ainda questões relacionadas com a vacinação contra a covid-19.
As situações de abuso, como maus-tratos, violência doméstica, abandono e abuso material e financeiro, são o terceiro principal tema reportado à linha. Com 114 chamadas até setembro, os agressores são, em regra, pessoas próximas, muitas vezes filhos e netos.