Em cima da mesa abastecimento por autotanque em zonas de Trás-os-Montes. Este é o ano mais seco de sempre.
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As altas temperaturas que se fizeram sentir nas primeiras semanas de junho vieram agravar o ano hidrológico, que é agora o mais seco de sempre. Colocando dois terços do território em seca extrema e o restante em severa. Obrigando o Governo a lançar 28 novas medidas de contenção. Trás-os-Montes e Barlavento são o foco das preocupações. Avançando-se com mais restrições à rega nas albufeiras de aproveitamento hidroagrícola e estudando-se o abastecimento por camiões-cisterna em algumas localidades transmontanas.
O ponto de situação foi esta terça-feira feito pelos ministros do Ambiente e da Agricultura, após reunião da Comissão da Seca. Apesar de Portugal viver "uma situação muito grave, talvez das mais graves desde 1931, tem água para consumo humano salvaguardada para dois anos", disse Duarte Cordeiro. Das palavras de confiança, o aviso: "Temos que saber gerir a água de forma mais racional". A partir de julho, serão lançadas "campanhas para promoção do uso eficiente da água".
Camiões-cisterna
Em Trás-os-Montes, há cinco barragens em níveis preocupantes e que estão a ser acompanhadas muito de perto: Salgueiral (Torre de Moncorvo), Sambade (Alfândega da Fé), Vila Chã (Alijó), Valtorno-Mourão (Vila Flor) e Fonte Longa (Carrazeda de Ansiães). Estando a ser estudadas alternativas, caso a situação se deteriore, que podem passar, sabe o JN, pela reativação de furos e recurso a camiões-cisterna para encher os reservatórios de água que servem aquelas populações.
Restrições à rega
Do lado da Agricultura, como o JN noticiou, avança-se com mais restrições à rega. Segundo Maria do Céu Antunes, das 44 albufeiras de aproveitamento hidroagrícola monitorizadas, "37 asseguram a campanha de rega para 2022". Estando sete em situação crítica.
A Norte, "no aproveitamento hidroagrícola da Veiga de Chaves, na albufeira de Arcossó, e em Vale Madeiro há restrições à rega para garantir o abastecimento público", adiantou a ministra da Agricultura. A Sul, Bravura mantém-se exclusivamente para abastecimento público. Sucedem-se mais limitações à rega na bacia do Mira e nas albufeiras de Campilhas, Monte da Rocha e Fonte Serne (Sado).
Cumprimento de caudais
Quanto à gestão dos rios internacionais, o ministro do Ambiente fez saber que terá lugar, neste mês, em Lisboa, uma reunião entre Portugal e Espanha. Assegurando que a Convenção de Albufeira está a ser cumprida pelas partes.
"Há um impacto muito significativo da seca, a maior das últimas duas décadas, em Espanha, particularmente em território com proximidade a Portugal", explicou o governante. Sublinhando a "estreita colaboração", Duarte Cordeiro garantiu que, "até ao momento, estão a ser cumpridas as responsabilidades".
À Lupa
Área irrigável
Segundo a ministra da Agricultura, Portugal tem 630 mil hectares de área irrigável, que representam "só 16% da superfície agrícola utilizada". Contudo, "apenas 54% são de regadio coletivo, que tem que aumentar", disse.
Mais restrições
Duarte Cordeiro deixou um aviso: "Vamos ter um verão quente, aumentos de consumo relacionados com o verão, temos que ter atenção à forma como utilizamos a água porque maiores restrições podem ter que vir a ser aplicadas".
Fontanários e jardins
Em algumas zonas "mais vulneráveis" já se "encerraram fontanários e reduziu-se a rega de espaços verdes", segundo o ministro do Ambiente. As medidas estão a ser articuladas no terreno entre as autoridades locais e a Agência Portuguesa do Ambiente.
Dessalinização
Em curso estão também medidas estruturais, como seja o investimento de 200 milhões de euros, ao abrigo do Programa de Recuperação e Resiliência, no Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, com aposta na dessalinização e na reutilização de águas residuais. Os planos do Alentejo e Tejo/Ribeiras do Oeste estão a ser ultimados, disse Duarte Cordeiro.