Major-general afastado do cargo na Madeira diz ser alvo de "profunda injustiça"
O major-general Cardoso Perestrelo, exonerado de funções por permitir que um civil disparasse uma salva de canhão num torneio de golfe, apresentou esta quinta-feira cumprimentos de despedida ao Representante da República e, em comunicado, afirmou-se alvo de "profunda injustiça".
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À saída do Palácio de São Lourenço, residência do Representante da República no Funchal, Carlos Perestrelo escusou-se a fazer declarações, remetendo para o comunicado distribuído aos órgãos de comunicação social.
No comunicado de imprensa, o major-general Carlos Perestrelo classifica de "estranhas" as razões que o levaram a "uma exoneração imediata de funções", realçando que deixa a Madeira com um "sentimento de profunda injustiça".
"Estou de cabeça erguida e com convicção que cumpri a minha missão na Madeira e Porto Santo", refere, destacando que "em nenhum momento" praticou "qualquer ato que não estivesse previamente autorizado".
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"Dia 4 de novembro de 2019, deixei formalmente e definitivamente o serviço ativo no Exército e nas Forças Armadas", revela no comunicado, explicando que "o motivo está associado ao imperativo legal" por ter atingido seis anos no posto de "major-general".
Por isso, considera "estranhas" as razões que o levaram a "uma exoneração imediata" de funções, em 24 de outubro de 2019, recordando que exerceu as funções de Comandante Operacional e da Zona Militar da Madeira, de junho de 2017 a outubro de 2019.
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No comunicado, o major-general argumenta que a notícia que espoletou a sua exoneração de funções foi tornada pública a 23 de outubro de 2019, "e estava relacionada com um evento que se tinha realizado há cerca de um ano (6 de outubro de 2018)".
Explica que o evento, que era da responsabilidade do Exército Português e foi designado por "5º Torneio de Golfe da Zona Militar da Madeira", "estava devidamente autorizado e calendarizado no "Programa Dom Afonso Henriques", que visa promover e desenvolver atividades de natureza cultural, recreativa e desportiva" e, nesse âmbito, estava inserido "numa parceria entre o Clube de Golfe do Exército (CGEx) e o Clube de Golfe do Santo da Serra (CGSS)".
Segundo o major-general, estiveram presentes no evento desportivo cerca de 100 jogadores, onde cerca de 20 eram militares e alguns deles vindos do continente.
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"Toda esta realidade de factos levaram-me a um sentimento de profunda injustiça, nomeadamente pelo apoio permanente que sempre senti da minha hierarquia militar e que me deu o alento para a realização, durante o meu mandato, de inúmeras iniciativas inéditas para prestígio da instituição militar nesta região insular e que levou a resultados excecionais com uma melhoria muito significativa ao nível de voluntários para servir o Exército, na Região Autónoma da Madeira", acrescenta.
O general afirma-se de "cabeça erguida" e com a "convicção" de que cumpriu a missão na Madeira e Porto Santo, manifestando-se "orgulhoso pela solidariedade largamente demonstrada pelos militares e civis" com quem serviu, e pelas "inúmeras mensagens recebidas de muitos amigos do continente e dos arquipélagos e de diversos representantes de vários quadrantes políticos, onde se destacou o imediato comunicado de apoio e o público louvor do Governo Regional da Madeira".
A Câmara Municipal de Machico aprovou um voto de louvor a Carlos Perestrelo na semana passada.