Uma manifestação de agricultores está a bloquear o trânsito em direção à fronteira de Valença, esta terça-feira de manhã. Segundo fonte do Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo, o protesto afeta a Estrada Nacional 13 e o IP1, acesso à ponte internacional Valença-Tui.
Corpo do artigo
“Neste momento temos o IP1 cortado. Estão em marcha lenta na interceção de S. Pedro da Torre em direção a Valença. Temos ali algum constrangimento, não se sabe se temporário ou se é para durar”, informou fonte daquela Comando. A manifestação começou cerca das 6 horas, com concentração no recinto da feira de Cerdal, Valença e a marcha foi iniciada por volta das 7 da manhã.
“É uma mistura de veículos pesados, ligeiros e tratores. É um movimento um pouco estranho. Maioritariamente até são ligeiros”, indicou a fonte. Segundo dados recolhidos no local, participam no protesto, “três veículos pesados, 60 ligeiros e cerca de 50 tratores”, acrescentou.
“Entretanto agora com a marcha, estão veículos que foram apanhados no meio da situação”, relatou fonte da GNR. Cerca das 9 horas, os manifestantes em “pesados e ligeiros entraram na autoestrada e os tratores seguiram pela Estrada Nacional 13, em direção a Valença”.
“Estão numa marcha muito lenta, quase parados. Até agora não foi reportado qualquer incidente”, indicou ainda a GNR.
O protesto foi convocado pelo Movimento Agricultores do Norte. Petros Rekas, professor na escola profissional agrícola de Ponte de Lima, está a ser, esta manhã, o porta-voz dos manifestantes. “Este não é um movimento com nenhuma carga política ou associativa. É um movimento de cidadãos ao nível dos produtores de leite, agricultores, empresários agrícolas, professores, cidadãos. É cívico e acima de tudo, com vontade de demonstrar a importância do setor na sociedade”, explicou o docente, indicando que “grande parte” dos presentes foi seu aluno.
“Senti-me na obrigação de os acompanhar, até porque me identifico com a causa deles”, afirmou, adiantando que o que move os manifestantes, que continuam a bloquear o trânsito na cidade de Valença, é “demonstrar a insatisfação que existe no setor ao abrigo da falta de política pública para apoiar devidamente os agricultores na sua atividade”.
“Há um afastamento bastante grande entre a administração pública, o Ministério da Agricultura, e os agricultores”, sublinhou, considerando que “o aumento dos factores de produção, a incapacidade de criar riqueza, de ter rentabilidade na atividade, a desertificação dos territórios, comprometem muito a atividade agrícola”. “Há um sentimento de incapacidade e de falta de compromisso em haver comunicação direta e identificar os problemas desta região. Todas são distintas e aqui estamos a falar de minifúndio, portanto, temos determinadas problemáticas específicas desta região”, defendeu, adiantando que “o movimento está mobilizados e não vai parar até que haja uma comunicação superior”.
Petros Rekas afirma que o bloqueio afeta sobretudo “a movimentação para a autoestrada (A3), nem a norte, nem a sul”, mas decorre de forma pacífica. “Temos a sensibilidade de desmobilizar em situações pontuais. Estamos a deixar passar as ambulâncias e há aqui uma grande responsabilidade dos agricultores, em relação à comunidade. Quando é necessário fazer uma desmobilização momentânea, fazemos”.
Os agricultores do Norte pretendem, ainda, "estratégias claras de melhoria da atratividade da atividade agrícola e de renovação do capital humano", nomeadamente o "aumento do valor do prémio à primeira instalação para jovens agricultores".
Entre outras medidas, reclamam também o "bloqueio às importações de produtos alimentares extracomunitários que tenham sido produzidos em tipos de produção que não estejam sujeitos às mesmas normas de fitossanidade, proteção ambiental e de bem-estar animal da União Europeia".
O Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de 'luz verde' de Bruxelas.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros a 26 de fevereiro.